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Oeste da Bahia é promessa na agricultura

Detentor de uma matriz produtiva diversificada, com culturas já consolidadas como as da soja, algodão, café e milho, o oeste baiano promete despontar também como o mais novo pólo sucroalcooleiro do país.

Até 2013, o território deve galgar uma posição de destaque entre as principais regiões produtoras de álcool no estado, saindo dos atuais 200 hectares para 150 mil hectares de área plantada. Entre os responsáveis por esse incentivo, está a Fundação Bahia, instituição que vem desenvolvimento há cerca de dois anos, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas, um programa de plantio experimental de cana-de-açúcar.

Em função desse trabalho, são mantidos atualmente cerca de cinco locais experimentais para a plantação da cultura no oeste, totalizando 50 hectares. “Trouxemos diversas variedades de cana, oriundas de inúmeros estados do país, para testar aquela que melhor se aplica às condições climáticas da região”, conta o diretor executivo da Fundação, Mário Meirelles.

Segundo o dirigente, os resultados obtidos com a pesquisa têm sido bastante promissores, comprovando, assim, o potencial da localidade como alternativa viável para a expansão do segmento canavieiro na Bahia. “A produção por hectare nessas áreas está 30% acima da média nacional irrigada. Com certeza, a melhor opção é o oeste. Em outras regiões baianas, como no extremo sul, existe a concorrência com o eucalipto”, enfatiza.

Para desenvolver o programa, Mário informa que são investidos anualmente cerca de R$400 mil na pesquisa com cana-de-açúcar. Além das áreas experimentais, o projeto contempla ainda a instalação, em São Desidério, de uma destilaria com capacidade inicial para moer 2,5 milhões de toneladas de cana por ano.

“Até 2013, essa unidade terá condições de fazer a moagem de seis milhões de toneladas”, relata. Criada em 1997, a Fundação Bahia surgiu inicialmente com a missão de atender à necessidade de pesquisa para o desenvolvimento de cultivares de soja e algodão adaptadas às condições de clima e solo do oeste e resistentes a pragas e doenças.

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De acordo com informações do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool na Bahia, o Brasil deve produzir este ano cerca de 25 bilhões de litros de álcool, um incremento de 19% frente ao volume produzido na última safra (21 bilhões de litros).

Para estimular ainda mais esse mercado, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) firmaram um convênio para promover a imagem do etanol brasileiro de cana no exterior. Com o objetivo de apresentar o combustível como energia limpa e renovável, a parceria prevê investimentos no valor de R$16,4 milhões até o final de 2009.

O projeto contempla a sensibilização e capacitação da oferta do etanol nacional, estudos de inteligência comercial e medidas de promoção do produto, incluindo a abertura de escritórios de representação em outras nações.

Segundo dados da Apex-Brasil, os mercados-alvo são os países da América do Norte, Europa e Ásia. O primeiro escritório já foi instalado e está em operação nos Estados Unidos, em Washington, sendo que os próximos serão implantados em Bruxelas (Bélgica) e em um país asiático ainda a ser definido.

A iniciativa deverá beneficiar diretamente as 107 empresas associadas à Unica e as cerca de 243 unidades processadoras do setor sucroalcooleiro localizadas em todo o país. O convênio deve favorecer também a cadeia produtiva do etanol de cana-de-açúcar, que inclui a pesquisa em biotecnologia para novas variedades de cana, os fornecedores de insumos e equipamentos, produtores, indústrias, logística, entre outros segmentos.

A idéia é aproveitar o atual momento de ampliação na demanda mundial por bicombustíveis, mostrando o etanol brasileiro como a alternativa mais viável e com mais vantagens, inclusive, frente ao milho, trigo, beterraba e outras matérias-primas. De acordo com a Agência, o Brasil produz hoje um terço do etanol no mundo, com o menor custo de produção e maior eficiência na redução das emissões de gases poluentes. (Alan Amaral)