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Odebrecht fortalece estrutura americana

Depois de anunciar investimentos bilionários para a construção de usinas de açúcar e álcool no Brasil, a ETH Bioenergia, braço de agroenergia da Odebrecht, começa a fazer aportes em infra-estrutura para o combustível no exterior. O grupo vai investir em armazenagem de álcool em três portos da Flórida (EUA).

Os investimentos serão feitos em Tampa, Jacksonville, e Port Everglades, afirmou David Peebles, diretor de novos negócios da ETH. Peebles representa a divisão de agroenergia da empresa nos EUA. O valor do negócio e o volume da capacidade de estocagem não foram divulgados.

O Valor apurou que os investimentos em tancagem de álcool poderão ser realizados em parceria com a gigante holandesa Vopak, uma das maiores companhias do mundo especializadas em operações portuárias.

O escritório americano da ETH foi inaugurado há aproximadamente quatro meses, mas sem gastos para a Odebrecht, uma vez que o grupo brasileiro já tem toda uma infra-estrutura instalada no Estado por conta dos negócios da construtora Norberto Odebrecht, que conta com cerca de mil funcionários.

Os aportes da ETH Bioenergia na Flórida fazem parte de uma estratégia maior do grupo para o mercado americano. A ETH deverá investir em uma usina de desidratação de álcool no Caribe. Essa planta servirá como base de exportação de álcool combustível do grupo para os EUA.

O mercado americano é considerado estratégico para o grupo. “Esses investimentos [armazenagem de álcool] deverão ser concretizados nos próximos anos, quando a exigência de mistura de álcool na gasolina estiver em vigor na Flórida”, afirmou Clayton Miranda, presidente da ETH.

Atualmente, a mistura de álcool na gasolina é opcional na Flórida. Mesmo assim, é um mercado atraente, com um consumo anual de 1 bilhão de litros de álcool. Se uma lei em discussão tornar a mistura obrigatória, com a adição de 10% do álcool na gasolina, o volume movimentado passará a 3,2 bilhões de litros anuais.

Charlie Crist, governador do Estado, disse que está empenhado para que a mistura seja obrigatória. Ele afirmou que a Flórida deverá receber pesados investimentos estrangeiros, principalmente do Brasil. A expansão de etanol no Estado será bem-vinda e não deverá criar conflitos com os produtores de laranja, responsáveis por boa parte da atividade econômica daquele Estado.

Mas os planos da Odebrecht não se limitam ao mercado americano. Em Angola, os projetos do grupos também estão avançados. O ETH contratou a CanaViallis, controlada pela Votorantim Novos Negócios, para desenvolver variedades de cana específicas para aquele país, disse Eduardo Pereira de Carvalho, diretor estratégico da ETH. Segundo Carvalho, os viveiros de cana já começaram a ser plantados em Angola, mas ainda estão em fase de teste. “Estamos usando três variedades de cana para aquela região”, disse. No mês passado, a Odebrecht assinou memorando de entendimentos com a estatal petrolífera Sonangol e investidores angolanos para a construção de uma usina sucroalcooleira naquele país. O projeto deverá ser concluído nos próximos três anos.