Mercado

Obstáculos complicam execução do programa

O Brasil pode se consolidar como líder entre os países produtores de biocombustíveis. Falta, porém, dar solução para alguns problemas que podem impedir o sucesso do país nesse desafio. Essa foi a conclusão do 1 Encontro Nacional do Biocombustível, realizado ontem na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Empresários e representantes do governo discutiram o papel estratégico dos biocombustíveis na matriz energética brasileira e novas oportunidades de negócios. Convidado a participar do evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que o acesso dos produtores de biocombustíveis a linhas de financiamento é insuficiente. Para o presidente da CNI, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, os custos precisam cair para que a oferta aumente.

Não há a comprovação científica de que os motores não terão seu funcionamento prejudicado pelo uso de diesel com teor de 5% de biodiesel, a partir de 2013, como está previsto. O aumento do preço do petróleo favorece a produção. Há ainda uma crescente pressão por parte da comunidade internacional pela redução do consumo dos combustíveis mais poluentes.

A expansão da oferta e da demanda de biodiesel no mercado interno já está prevista. A lei de número 11.097, que entrou em vigor no ano passado, estabelece que o diesel deve conter 2% de biodiesel a partir de 2008. Em 2013, esse percentual terá de ser 5%. O governo estuda antecipar essas metas, considerando que haverá oferta suficiente antes daquela data.

Futura commodity

A produção nacional atual é de 123 milhões de litros de biodiesel por ano. Para cumprir a lei, a produção terá de ser, em 2008, de 840 milhões de litros. O volume equivale a 2% dos 42 bilhões de litros de diesel consumidos a cada ano no Brasil.Apesar do empenho do governo Lula, o crescimento das exportações não está garantido. Segundo o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do governo federal, Mário Mugnaini Júnior, a ampliação da escala de produção – tanto no Brasil como no exterior – é essencial para que os biocombustíveis, sobretudo o etanol, ganhem importância no mercado internacional.

“O álcool tem que de se transformar numa commodity e passar a ser cotado em bolsa de mercadorias – comentou o secretário-executivo da Camex.

O presidente da CNI, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, ressaltou que essa obrigatoriedade na mistura do diesel e a tendência mundial de substituição de combustíveis poluentes por fontes de energia renováveis criaram novas oportunidades de negócio na agricultura e na indústria. De acordo com o empresário, o desenvolvimento do setor incentivará a inovação tecnológica, a geração de mais renda e emprego no país, além do aumento da inclusão social de famílias que produzem sementes utilizadas na cadeia produtiva do setor.