Após cerca de dois anos relegada a segundo plano, a bioeletricidade começa a demonstrar sinais de recuperação de suas energias no setor sucroenergético brasileiro e volta a ser focado, não mais como um produto agregado, mas fundamental nesta retomada que o setor experimenta.
O produto, gerado basicamente a partir do bagaço queimado da cana, retorna ao setor com nova roupagem até no nome: já não é mais chamado apenas de energia cogerada, ou cogeração, mas de bioeletricidade.
A energia advinda da biomassa de cana torna-se fundamental por dois motivos: o primeiro porque esta é a maneira mais rápida para as empresas geradoras levantarem recursos e ter capital de giro.
Enquanto as cerca de 150 usinas greenfields necessárias nos próximos 5 anos no Brasil – conforme se viu reivindicar pelos especialistas no Ethanol Summit 2011 – não são financiadas, instaladas, inauguradas e passem a gerar novas receitas. nada melhor do que utilizar o máximo da potência cogeradora instalada, ainda que seja necessário fazer investimentos em adequações – os chamados retrofits -, com novas caldeiras e os equipamentos exigidos.
O outro motivo para se investir na bioeletricidade é que hoje não há cana suficiente que, moídas, venham a se transformar rapidamente em açúcar e etanol. O bagaço (aliado à cana mais produtiva – veja matéria na página ao lado) torna-se então verdadeira salvação da lavoura e da indústria, quando transformado em bioeletricidade.
— A bioeletricidade vai dar competitividade ao setor — afirma Jacyr Costa, presidente da Açúcar Guarani. “Sobretudo”, diz ele, “porque temos um potencial de cogeração muito grande perto do centro consumidor.”
Marcos Lutz, presidente da Cosan, lembra que o setor hoje é produtor de biomassa e sacarose antes de ser produtor de açúcar ou etanol, e isto inclui efetivamente a bioeletricidade.
José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia, cujo grupo se transformará nesta safra no maior cogerador nacional (veja matéria na página 39), informa que todas as suas unidades são cogeradoras, dotadas de tecnologia de última geração que permitirão que o grupo migre progressivamente para plataformas de maior valor agregado, quando elas estiverem mais competitivas.
“Ninguém mais tem dúvida a respeito do papel que a bioletricidade tem na rentabilidade do negócio. Todas as nossas usinas têm volume enorme de bagaço e de sobra a possibilidade de, num futuro próximo, utilizar a palha que hoje fica no campo”. Grubisich vaticina: “Creio que não veremos mais novas usinas sendo construidas que não tenham geração de energia eficiente para jogar na rede”.
Leia matéria completa na Revista Energia Mundo 19.