Há indicações de que o acordo do governo federal com os usineiros, realizado no início de janeiro, não foi suficiente para estabilizar os preços nem o mercado de álcool. O restante da cadeia, distribuidores e varejistas, não cooperou.

O acordo previa um teto de R$ 1,05 para o litro do álcool na usina, a fim de estancar o movimento de alta durante a entressafra da cana-de-açúcar. No entanto, o preço médio praticado na bomba para os consumidores voltou a subir durante o mês de fevereiro, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Diante disso, os produtores começaram a realizar aumentos de preços nos novos contratos de venda, rompendo o acordo.

A instabilidade de preços e da oferta de álcool é prejudicial ao país. Em primeiro lugar, dificulta o processo de controle da inflação. A produção do álcool representa uma alternativa ao consumo de energia proveniente do petróleo e pode auxiliar na estabilidade dos preços dos combustíveis no mercado doméstico. Em segundo lugar, o país está consolidando a maior frota mundial de automóveis movidos a etanol, inclusive com o desenvolvimento de uma tecnologia própria, o motor bicombustível. A oscilação nos preços e na oferta pode afastar os consumidores.

Assim, é imprescindível aperfeiçoar os mecanismos de mercado para possibilitar menor flutuação de preços e estoques. Como se trata de uma energia sujeita a sobressaltos durante a entressafra da cana-de-açúcar, é importante ampliar a oferta e os estoques reguladores. Há notória carência de locais próprios para o armazenamento do combustível. O governo poderia estudar mecanismos fiscais que facilitassem o investimento nessa área; os desembolsos de capital e os riscos, no entanto, devem ficar a cargo do setor privado.

Torna-se necessário, também, que os principais participantes do mercado de álcool ampliem o recurso a instrumentos financeiros de estabilização, como os contratos de futuros. Estes, aliados à necessária ampliação da estocagem do combustível, podem ajudar a reduzir as variações abruptas de rentabilidade dos produtores ao longo do ano agrícola.