O setor sucroalcooleiro do Brasil tem uma capacidade de gerar mais 12 mil megawatts (MW) de energia, caso as empresas do setor implantem equipamentos mais eficientes. “Se forem incluídas as palhas e as pontas da cana-de-açúcar, a quantidade de energia poderia chegar a 16 mil MW”, comenta o diretor comercial da Areva Koblitz, Romero Rêgo.
Segundo Romero, a quantidade de energia que pode ser gerada corresponde a quase uma hidrelétrica de Itaipu, que gera o suficiente para abastecer “cerca de 30% do Sul e Sudeste do País”.
As usinas produzem a energia com a queima do bagaço da cana-de-açúcar, feito no processo de fabricação do açúcar e do álcool. Das cerca de 400 usinas existentes no País, somente 100 estão vendendo o excedente de energia que produzem, de acordo com informações da Koblitz.
No Nordeste, as empresas não usam as palhas e as pontas da cana porque queimam a cana-de-açúcar. Para aproveitar essas partes da planta, é necessário que a colheita seja mecanizada.
“A maior parte dessas usinas implantaram os seus parques fabris numa época em que o bagaço era um resíduo. Então, quanto mais ele fosse queimado, era melhor”, lembra Romero Rêgo, acrescentando que as usinas saem na frente da fabricação de energia com biomassa, porque já têm a matéria-prima.
As usinas de Pernambuco vendem o excedente da sua produção de energia desde 2001. Um dos pioneiros na implantação de uma térmica a biomassa foi a Usina Petribú, em Carpina, na Mata Norte do Estado. “Vale a pena investir em energia, porque é um negócio que agrega”, diz o diretor da Usina Petribú, Jorge Petribú. A térmica da empresa dele tem a capacidade operacional de gerar, em média, 47 MW somente com o bagaço próprio. “Isso significa mais 7% do nosso faturamento”, diz o empresário.
BUSCA
Tradicional fabricante de equipamentos para o setor sucroalcooleiro, a Areva Koblitz planeja implantar 25 projetos para aumentar a capacidade de geração de energia em usinas. Desse total, 10 já têm um protocolo de entendimento para fazer o empreendimento firmado entre os investidores e as usinas. “Estamos procurando mais usinas que se encaixem dentro dos modelos definidos por quem deseja fazer esse tipo de investimento”, comenta Romero Rêgo.
Ele afirma que existem pelo menos três modelos de negócios oferecidos pela empresa. O primeiro é totalmente bancado pelo investidor que explora o empreendimento como se fosse uma concessão por 15 anos e depois devolve o parque gerador à usina. “Existem modelos em que o investidor entra como sócio majoritário ou minoritário e divide o investimento com o usineiro”, explica. Nesse caso, depois de pagar o financiamento, os lucros são divididos proporcionalmente.