Mercado

O governo Lula e o Moderfrota

Um importante componente da aceleração da taxa de inflação em 2002 tem sido a elevação dos preços agrícolas. Não apenas a taxa de câmbio se desvalorizou por motivos amplamente conhecidos como alguns preços agrícolas aumentaram no mercado internacional.

Compôs-se assim um efeito ampliado, em reais, da variação dos preços em dólares pela variação da taxa de câmbio. O prof. Gervásio Castro de Rezende, da Universidade Federal Fluminense, que é um respeitado e competente economista agrícola, publicou no “Boletim de Conjuntura do IPEA”, nº 59, out.-nov. 2002, uma nota interessante, em que separa os dois efeitos.

A tabela abaixo explicita os dois fatores no período de março a outubro de 2002, com a informação de que a taxa cambial variou 60%. Como se vê, o efeito da alta dos preços internacionais não foi desprezível, mas a sua causa mais importante foi a variação do câmbio, o que poderá vir a causar alguns problemas para as finanças da agricultura.

Se eventualmente houver uma substancial valorização cambial, o agricultor terá pago seus insumos a uma taxa de câmbio mais alta e venderá seus produtos a preços mais baixos. O caso do milho é o mais preocupante.

Como diz o prof. Rezende, “a escassez atual da oferta doméstica, fruto da imprevidência do governo em 2001, quando a colheita do milho foi recorde e o governo não só deixou o preço desabar como permitiu a exportação recorde, comprometeu o novo plantio e gerou a escassez doméstica que se verifica hoje”.

Ainda que possa haver alguma irregularidade climática, a Conab estima um grande aumento de safra para 2002/2003, com um ligeiro aumento da área plantada. Espera-se uma safra de grãos da ordem de 108 milhões de toneladas contra 97 na safra 2001/ 2002. O maior aumento será da soja: mais 6 milhões de toneladas.

Houve um aumento da área plantada de soja de 8%. Isso deveria chamar a atenção do governo Lula para a continuidade do Moderfrota pelo menos até a nova colheita. Como se sabe, o efeito do programa do BNDES foi excelente dos pontos de vista micro e macro econômicos. Infelizmente, entretanto, os seus recursos estão esgotados.

Seria do maior interesse supri-los a tempo para reduzir as perdas da colheita e fazê-la mais celeremente, o que aumentará a oferta física e ajudará a controlar a alta de preços. (A voz da agricultura)

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