Açúcar e etanol

"O etanol substituirá os derivados de petróleo em 15 anos", afirma Evandro Gussi

Presidente da UNICA vê potencial para transformação energética no Brasil

Evandro Gussi
Evandro Gussi

Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), em entrevista à ISTOÉ, discutiu o papel do setor bioenergético na mitigação das mudanças climáticas. Segundo Gussi, as destilarias brasileiras têm a capacidade de dobrar a produção de etanol, tanto de cana quanto de milho, permitindo que em 15 a 20 anos o Brasil possa abastecer sua frota nacional de 115 milhões de veículos apenas com etanol.

“Nossas usinas terão potencial para substituir totalmente os combustíveis fósseis e obter a descarbonização da indústria automobilística”, afirma Gussi. Ex-deputado federal, Gussi destaca que o etanol evitou a emissão de 660 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera nos últimos 20 anos, poupando o consumidor brasileiro mais de R$ 110 bilhões em comparação com a gasolina.

Em 2023, o Brasil produziu 31,2 bilhões de litros de etanol de cana e 4,3 bilhões de litros de milho. Com mais de 80% da frota de automóveis composta por modelos Flex, o etanol representa entre 40% e 50% do consumo anual de motores de ciclo Otto. Para abastecer 100% da frota nacional, seria necessário dobrar a produção atual de etanol.

A sustentabilidade é uma prioridade para o setor bioenergético. “O etanol reduz em até 90% as emissões quando comparado à gasolina”, ressalta Gussi. Além disso, a produção de energia elétrica e biogás a partir do bagaço da cana contribui significativamente para a matriz energética limpa do Brasil, com produção próxima aos centros de consumo e menores impactos ambientais.

Gussi acredita que, com os estímulos adequados, o setor pode substituir completamente os combustíveis fósseis em 15 a 20 anos. Ele destaca a importância de novas tecnologias e variedades de cana-de-açúcar, que podem aumentar a produtividade e permitir um crescimento sustentável sem desmatamento.

A expansão da produção de etanol traz benefícios econômicos significativos, criando empregos e promovendo o desenvolvimento local. O presidente da UNICA também ressalta a evolução tecnológica do setor, que passou por uma revolução com a colheita mecanizada e a qualificação da mão de obra.

Sobre a alta taxa de juros e os desafios econômicos, Gussi defende a importância de decisões baseadas em análises técnicas profundas. Ele destaca que o diálogo é essencial para resolver questões complexas, como o controle de gastos e a necessidade de investimentos para fomentar a atividade econômica.

A visão do executivo para o futuro do etanol no Brasil é otimista, com potencial para transformar o setor energético e contribuir para a sustentabilidade global. A UNICA continua a investir em inovação e tecnologia para atender à crescente demanda por energia limpa, oferecendo uma alternativa viável aos combustíveis fósseis e impulsionando a descarbonização da economia.

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