O governo do Estado já tem pronto um megaprojeto de desenvolvimento sustentável para transformar a região no eldorado do etanol. Em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã, o governador Alcides Rodrigues revela em detalhes a estratégia traçada pela Secretaria da Infra-Estrutura, por determinação do Palácio das Esmeraldas, para colocar em prática o plano de expansão e consolidação do setor sucroalcooleiro no Estado. O projeto, depois de implantado, transformará Goiás em superpotência na produção de etanol e pode colocar o Estado entre os mais ricos do País.
A idéia, desenvolvida pelos técnicos do Conselho Estadual de Bioenergia, seria materializada através da articulação de uma série de ações do governo do Estado, da União e da iniciativa privada, com parcerias público-privadas. A consolidação do projeto, segundo o governador Alcides Rodrigues, implicaria num incremento de quase 50% do PIB goiano nos próximos 13 anos, ou seja, aumentaria a renda total de Goiás em R$ 26,4 bilhões. O PIB de Goiás hoje gira em torno de R$ 50 bilhões. A previsão é de que, até 2020, 120 novas usinas de cana-de-açúcar, com capacidade média de esmagamento de 2 milhões de toneladas de cana cada uma, seriam instaladas no Estado, gerando 240 mil empregos diretos.
Em termos de arrecadação de ICMS/ano, após a estabilização, significaria um incremento da ordem de R$ 13,8 milhões por usina, correspondente a R$ 5 milhões devidos pelo imposto da energia co-gerada e mais R$ 8,8 milhões relativos a 4% (devolução do ICMS sobre exportação) sobre o faturamento do etanol exportado. O total recolhido pelas 120 usinas seria de aproximadamente R$ 1,66 bilhão por ano. Ou seja, 30% da atual arrecadação por ano de ICMS do Estado.
SALTO
Alcides mostra-se entusiasmado com o plano e chega a dizer que ele pode representar para a região o mesmo salto desenvolvimentista da Marcha para o Oeste ou da construção de Brasília. O ponto mais positivo, garante o governador, é que o projeto insere-se perfeitamente no atual momento de explosão do biocombustível no mundo, em função de nova crise do petróleo, cujo barril já está sendo vendido a US$ 90, e da procura por novas alternativas de energia menos poluentes, para minimizar o aquecimento global.
Segundo o governador, é um projeto inteligente e bem articulado, aproveitando a grande tendência atual com as discussões sobre a escassez do petróleo e do aquecimento global, com a conseqüente procura pela produção de energia não-poluente e renovável. Mas o que Alcides faz questão de destacar é que a implantação do projeto implicará em poucos gastos para o Estado, que entraria como grande indutor e articulador da expansão do setor sucroalcooleiro, em parceria com os investidores privados e o governo federal. “O presidente Lula tem demonstrado grande entusiasmo com o etanol e com certeza será um grande parceiro de Goiás nesta jornada”, assegura o governador.
Com a certeza de que o mundo a cada dia mais precisará investir em fontes de energias renováveis, o Estado de Goiás se incorpora à cruzada do presidente Lula, que tem percorrido todos os continentes para vender o petróleo verde. Tanto que o governo de Alcides já fez um detalhado planejamento para apoiar a instalação de 120 novas usinas de álcool no Estado até 2020, composto das seguintes ações:
l Expansão e melhoria da logística de transporte estadual, visando a exportação do etanol, incluídos aí a construção do alcoolduto de Senador Canedo até Paulínia e o término da Ferrovia Norte-Sul. Será importante a parceria com a Petrobras para garantir aos investidores das usinas a compra do etanol pelo mercado externo através de contratos de longo prazo.
l O zoneamento agrícola estadual, que é uma espécie de raios-x do Estado, mostrando aos investidores onde melhor localizar as futuras usinas sob todos os aspectos, tais como: melhor controle ambiental, topografia mais favorável para o cultivo da cana, hidrografia compatível com as necessidades hídricas da área rural e da planta industrial e infra-estrutura rodoviária e energética disponível.
l Capacitação e treinamento em larga escala de trabalhadores para atender à demanda a ser criada pelas novas usinas. O governo de Goiás defenderá um modelo de negócio em que os produtores goianos sejam parceiros das usinas e, portanto, tenham uma nova oportunidade de negócio com o etanol e não pratiquem a venda de suas propriedades, o que os colocaria fora do processo de produção.