Mercado

O cenário dos ativos para o próximo ano

Bolsa e dólar em alta. Juros em queda. Este deve ser o cenário do próximo ano, que servirá de orientação aos investidores. A Bolsa de Valores de São Paulo promete repetir um novo ciclo de alta também em 2004 e, refletindo mais de perto os bons fundamentos da economia brasileira e a indicação de crescimento no plano internacional, poderá romper a barreira psicológica dos 23 mil pontos.

O dólar, que fechou em queda em 2003, colocando uma pá de cal nas projeções de chegar até R$ 3,80, dará algum sinal de vida, registrando valorização em 2004. Inicialmente, a perspectiva é de estabilidade da moeda, mas a pressão puxada pela provável evolução das importações, algo esperado dentro de um quadro de crescimento da economia (o Governo projeta expansão de 3,5% do PIB), deve encolher o superávit comercial, que foi recorde em 2003, e dar algum suspiro de alta do câmbio. Mesmo assim, o dólar deve encerrar o ano a R$ 3,20, de acordo com a maioria dos analistas consultados pelo Jornal do Commércio. No mercado interno, o euro pode alcançar os R$ 4.

No mercado de juros, a renda fixa continuará a ser o porto seguro dos investidores mais cautelosos. Apesar da perspectiva de queda da taxa Selic, as aplicações prefixadas, se alongadas, e as atreladas ao DI (pós-fixados) devem constar do portifólio dos investidores.

No caso dos títulos brasileiros negociados no exterior, a perspectiva é de que continuem a atrair os investidores interessados em aplicar em países emergentes. O Risco-Brasil continuará em queda, mas não deverá ficar inferior aos 400 pontos básicos. O C-Bond, título brasileira de maior liquidez no exterior, pode até superar a faixa média de 98% do valor de face, atraindo os investidores descontentes com a queda do rendimentos dos títulos de dívida dos mercados americanos e europeu.

No mercado acionário, os papéis dos setores siderúrgico, de papel e celulose e de mineração são os mais propensos a reagir em um quadro de revitalização econômica e de expansão das exportações. Nesse quadro favorável, a cotação da grande maioria das commodities pode pavimentar um caminho de alta. O ouro, por exemplo, poderá ter uma valorização de 10%, fazendo a onça-troy ultrapassar a barreira dos US$ 440, uma conseqüência da volta dos investidores em ter aplicações em ouro como hegde à persistente desvalorização do dólar.

Entre as commodities, a exceção ficará a cargo do barril de petróleo, cuja cotação deve ceder à faixa média de US$ 25, seguindo o caminho de volta à normalidade do mercado mundial, afetado, em 2003, pela Guerra entre os Estados Unidos e Iraque e crise do abastamento da Venezuela.

As projeções para o euro no exterior são antagônicas. Há quem projete elevação da moeda européia para faixa superior a US$ 1,30. Há quem estime que a moeda possa voltar a US$ 1,15.