Mercado

Novos negócios do etanol chegam a R$ 2,48 bilhões

Ao mesmo tempo em que o biocombustível é apontado por muitos como grande vilão da crise dos alimentos, o setor ganha cada vez mais força no Brasil. Na quinta-feira, o mercado de etanol foi agitado por dois grandes negócios – a compra da Esso pela Cosan e a entrada da BP na área em Goiás. Os investimentos das duas devem passar dos 2,48 bilhões de reais em açúcar e álcool – 1,66 bilhão da BP e 826 milhões na compra da Esso efetuada pela Cosan.

As empresas estão sendo atraídas ao segmento por causa da explosão do mercado no país. A venda de carros com tecnologia bicombustível e o consumo cada vez maior do etanol – que superou a gasolina pela primeira vez na história em fevereiro – tornam o setor tentador para as empresas. Só no ano passado, o mercado de combustíveis somou 30 bilhões de reais, sendo que o crescimento do etanol foi de 50%. Em São Paulo, 60% das vendas são de etanol.

“O momento é considerado ímpar”, diz Paulo Diniz, diretor da Cosan, em entrevista publicada nesta sexta pelo jornal O Estado de S. Paulo. “O preço do petróleo em níveis elevados e a crescente atenção a questões ambientais também contribuíram”, explicou ele, ao comentar o negócio que surpreendeu o mercado. A Cosan superou as rivais estrangeiras e a gigante Petrobras para adquirir 100% dos ativos da Esso no país por 826 milhões de reais, na quinta-feira.

O negócio faz da Cosan a primeira empresa de etanol do mundo a participar de toda a cadeia do combustível, desde a produção até a distribuição. O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, sinalizou de forma positiva ao comentar o negócio. “Nada contra os estrangeiros, mas fico satisfeito com a presença de empresa brasileira em uma operação desse porte.’ Maior produtora brasileira do combustível, a Cosan fez 1,3 bilhão de litros de etanol no ano passado.

Petroleiras – O outro negócio de impacto anunciado na quinta foi a compra de 50% da goiana Tropical Bioenergia pela gigante britânica BP, que pagou 100 milhões de reais pelo negócio. A Tropical é uma joint venture dos grupos brasileiros Santelisa Vale e Maeda – que detêm os outros 50% do negócio divididos em partes iguais. A BP e suas parceiras devem investir 1,66 bilhão de reais para ter duas refinarias na no estado de Goiás – uma das quais já em construção.

A joint venture deve concentrar seus negócios na produção potencial de cana-de-açucar, fabricação e comercialização de etanol. As empresas também deverão negociar o excedente de eletricidade gerado pela queima do bagaço da cana. O investimento da BP ilustra outro aspecto importante do crescimento do etanol – as petroleiras, antes contrárias ao biocombustível, agora não querem ficar de fora do segmento. Além da BP, a Shell e a Total também investem.