Os contratos de petróleo para julho na Bolsa Mercantil de Nova York alcançaram US$ 58,47, alta de 3,34% em relação ao contrato anterior. Para dezembro, os preços do barril já bateram em US$ 60,40. Os motivos da subida começam na expectativa de demanda, que segue em alta, continuam nas dúvidas quanto às promessas de aumento da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e terminam na generalizada preocupação quanto aos limites da atual capacidade de refino. O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, advertiu, em maio, que os preços subiriam “até que alguém se dê conta de que precisamos de mais refinarias”. O desequilíbrio entre oferta e demanda de petróleo é possibilidade real. A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que o consumo global de petróleo no último trimestre deste ano será de 86,4 milhões de barris diários, enquanto nos primeiros três meses foi de 83,8 milhões. A Opep já aumentou a produção em 500 mil barris. Os técnicos do cartel reconhecem que só a Arábia Saudita tem poder, hoje, para aumentar a produção. Não falta petróleo, como dizem os especialistas; falta expansão da indústria de refino, onde está o “gargalo” da oferta. Dados divulgados pelo jornal Financial Times mostraram que a capacidade de refino dos EUA cresceu 0,7% em 2004, enquanto o refino no mundo precisou crescer 3,4%. Nos países industrializados, os investimentos estão concentrados na ampliação das refinarias existentes, e não na construção de novas. A China, que já é o segundo consumidor de petróleo do mundo e desequilibrou oferta e demanda global com o consumo feito nos dois últimos anos, prometeu investimento de US$ 3 bilhões na construção de refinarias, com um único objetivo: baratear em 20% o custo da importação de óleo de baixa qualidade que faz do Oriente Médio. Ou seja, o investimento chinês atenua o seu custo, não seu “apetite” por petróleo. Nesse tema, a construção de novas refinarias, como alertou a Associação de Indústrias Petroquímicas dos EUA, envolve problemas interligados: ninguém as quer “no quintal” porque as restrições ambientais são cada vez maiores. Esse quadro de crise na principal matriz energética mundial atinge o Brasil. É ingenuidade imaginar que a auto-suficiência alcançada pela Petrobras nos protege inteiramente. Primeiro, porque os preços internacionais do óleo atingem o quadro inflacionário brasileiro, já que a Petrobras, apesar do feito da auto-suficiência, também insiste em cuidar dos interesses dos seus acionistas. Depois, porque, como no resto do mundo, temos petróleo, mas nossos projetos de refinarias caminham lentamente, isso quando saem do papel. Como é o caso da refinaria de óleo pesado de Pernambuco, a ser construída em parceria com a estatal venezuelana, mas que não saiu da prancheta. Sem dúvida, esse quadro sinaliza trajetória ascendente por energias alternativas, a mais viável e a mais imediata delas em torno do álcool. A Petrobras investirá US$ 320 milhões, até 2007, para dotar o País de uma logística eficiente de exportação de álcool. É medida sensata, mas insuficiente. Esse projeto permitirá que o Porto do Rio de Janeiro tenha capacidade para exportar 4 bilhões de litros/ano. No ano passado o Brasil já exportou 2,5 bilhões de litros. Se apenas as promessas geradas pela viagem ao Japão vingarem – com a adição de 3% de álcool na gasolina por razões ambientais -, a demanda desse país será de 3 bilhões de litros. E há outros mercados igualmente promissores. O Departamento de Agricultura americano já avisou que a produção brasileira de cana na safra 2005/2006 será de 407 milhões de toneladas – recorde pela quarta safra consecutiva. Ou seja, temos muitas condições para disputar a oferta de energia alternativa. Outros investimentos seriam necessários para atender à demanda pela nova opção de matriz energética. O quadro de obsolescência programada na matriz tradicional indica que o Brasil precisa de estratégias mais eficientes para aproveitar suas possibilidades nessa área. E com total urgência. Para imprimir, enviar ou comentar, acesse: www.gazetamercantil.com.br/editorial kicker: A obsolescência programada da antiga matriz energética indica que o Brasil não pode perder espaço na oferta de energia alternativa
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