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Novo equipamento para produção de biodiesel pode levar independência a comunidades rurais

As comunidades rurais mais isoladas do Mato Grosso do Sul poderão se tornar, a partir de 2006, mais independentes do problemático transporte de combustíveis para o desenvolvimento de atividades cotidianas e para a geração de energia. A novidade é um projeto desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade de Brasília (UnB). Trata-se de um equipamento de transformação de óleos vegetais em combustível com propriedades semelhantes às do diesel. Tem capacidade para produzir cerca de 250 litros por dia e será acompanhado de manual de utilização e de um kit simples de análise do combustível.

“O kit é para que o produtor saiba se o combustível que está fabricando atende os parâmetros legais estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP)”, explica o professor do Intituto de Química da UnB Joel Camargo Rubim, um dos coordenadores da pesquisa. O projeto, desenvolvido em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Ciência e Tecnologia (MCT), é conhecido como Biodiesel por Craqueamento Térmico/Catalítico: Energia Renovável na Agricultura Familiar e Aldeias Indígenas. O trabalho teve início em 2001.

Segundo o professor Rubim, cerca de R$ 1 milhão já foram investidos nas pesquisas e na construção de uma estação de produção de biocombustível, que realiza desde o esmagamento da semente e extração do óleo vegetal até a produção do combustível. O coordenador da Agregação de Valor e Renda da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), do MDA, Arnoldo de Campos, lembra que a tecnologia desenvolvida tem o objetivo de atender tanto os produtores familiares de áreas remotas quanto os interessados em produzir biodiesel em pequena escala. “O equipamento permite que uma grande variedade de oleaginosas possa ser utilizada para a produção de combustível de alta qualidade e com baixo custo”, destaca.

Para Campos, o projeto vai permitir que os agricultores familiares tenham uma nova alternativa para geração de energia, o que favorecerá uma maior independência para as comunidades que necessitam do combustível para a atividade agrícola. “A idéia é disponibilizar em breve um novo instrumento que possa ser financiado pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”, diz o coordenador.

O projeto é interessante para o governo federal, ainda segundo Campos, porque promove o desenvolvimento rural com um equipamento relativamente barato e de simples gestão, reduzindo até os custos de programas sociais e de ações de apoio produtivo nas regiões. “A intenção é que, depois de uma etapa de testes em assentamentos da reforma agrária, o projeto seja expandido para todas as regiões do País onde houver agricultores interessados”, calcula.