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Novidade, cogeração vai exigir engenheiro multiespecializado

A oferta de energia não acompanhou o crescimento da demanda no Brasil nas últimas décadas, resultando em blecautes e racionamento. Segundo os ambientalistas, o problema é que nossa matriz energética é mais de 90% focada nos recursos hídricos.

Em meio à crise, engenheiros de todas as áreas encontraram uma oportunidade: desenvolver novas formas de geração de energia.

Uma das estrelas do setor é hoje a cogeração: produção simultânea de duas ou mais formas de energia a partir de um só combustível (biomassa ou gás natural).

“A cogeração é novidade, exigirá novas famílias de profissionais”, diz Jayme Buarque de Holanda, diretor-geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o peso da biomassa (resíduos agrícolas, madeira e cana-de-açúcar) na geração mundial de eletricidade crescerá 170% de 1995 a 2020, atingindo 27 TWh.

A cogeração polui menos e é mais econômica. “Depois dos blecautes, prédios comerciais começaram a exigir que as incorporadoras instalassem cogeração”, ilustra Carlos Roberto Silvestrin, vice-presidente executivo da Cogen-SP (Associação Paulista de Cogeração de Energia).

A rede Sonda de supermercados e o hotel Sofitel já aderiram, com projeto da Iqara Energy Services operado remotamente pela Sotreq, que reduziu em 25% o consumo em três lojas.

Para acompanhar seu funcionamento, a Sotreq tem engenheiros de sistemas elétricos. São profissionais com conhecimentos nas áreas elétrica, mecânica, hidráulica e acústica. O engenheiro eletricista Maurício Garcia, 37, é um deles e comanda 25 colegas. “Tivemos que adquirir conhecimentos de informática e de eletrônica. Hoje não temos mais técnicos, só engenheiros, pois é preciso absorver toda essa tecnologia.” (RGV)