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Nova tecnologia americana de desidratação do álcool será implantada em usina paulista

Nova tecnologia americana de desidratação do álcool será implantada em usina paulista

Richard Baker, cientista e fundador da MTR, empresa de pesquisa e tecnologia na área de membranas, na Califórnia, EUA, atualmente desenvolve uma tecnologia que promete ser mais eficaz do que a peneira molecular, no processo de desidratação do álcool. A tecnologia já interessou o mercado brasileiro, tanto que a Sermatec, empresa localizada em Sertãozinho, SP, elaborou uma parceria com a MTR e juntos implantarão o sistema em 2014 na Usina Santa Elisa, de Sertãozinho, SP. Nesta entrevista exclusiva ao JornalCana, Baker explica o sistema e também comenta as polêmicas políticas que envolvem atualmente o mercado de etanol nos Estados Unidos.

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JornalCana: Que tipo de tecnologia a MTR está desenvolvendo na Califórnia?

Richard Baker: É um processo mais eficiente e aprimorado de desidratação do álcool através de membranas.

Como ocorre este processo?

As moléculas do álcool são maiores do que as de água, quando a mistura passa por este processo, a membrana atua como se fosse um filtro, separando a água do álcool de maneira contínua, o que não acontece com os sistemas de peneiras moleculares que trabalham em batelada.

Como esta membrana atua especificamente?

A membrana é uma espécie de tecido revestido com um polímero especial constituído por poros microscópicos que medem em torno de três angstroms. São poros tão pequenos que só deixam passar as moléculas de água, retendo as de etanol. É uma maneira rápida e eficiente de desidratação do etanol.

Por que é mais eficiente que a peneira molecular?

Porque além de ser um processo contínuo consome menos energia. Sua operação e manutenção será muito mais simples.

Por que está trazendo uma tecnologia para o mercado brasileiro e não o norte americano?

É importante fazer esta conexão com o Brasil porque é um mercado em pleno desenvolvimento. Existe interesse na construção de novas unidades, e substituição de processos obsoletos por processos mais modernos. Nos EUA o setor está estagnado, as unidades são novas e funcionam bem, e não há previsão para novas unidade.

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Há uma previsão de quando esta tecnologia será implantada no Brasil?

Sim. No início de 2014, se tudo correr bem, a planta demonstrativa, que é a Santa Elisa, de Sertãozinho, SP, receberá o equipamento.

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Como o senhor vê o futuro do etanol nos Estados Unidos?

Acredito que temos tudo para adotarmos a mistura de etanol na gasolina cada vez mais. Temos grande ajuda do governo para isso.

O senhor acha que a política adotada pelo governo Norte Americano, que obriga as refinarias a comprarem determinada quantidade de etanol todos os anos, independente da variação de preço, é muito rígida?

De forma alguma. O problema nos Estados Unidos é que as refinarias temem que o uso de gasolina diminua a ponto de acabar. Eles sabem que a quantidade de matéria prima, principalmente para o etanol celulósico tem este potencial. Então o governo para encorajar o uso do etanol, obriga as refinarias a comprarem determinada quantidade todos os anos.

Qual a tendência dos preços do etanol no EUA?

Nenhuma das quatro ou cinco tecnologias para etanol celulósico em uso é econômica o suficiente. Mas há novas tecnologias chegando ao mercado mundial o tempo todo. Com isso, o preço do etanol celulósico tende a cair com o passar dos anos, porque a tecnologia evolui e fica cada vez mais barata.