Mercado

Nova lei elevará demanda por etanol

Os produtores argentinos de milho esperam que a mudança na legislação de combustíveis do país, prevista para este ano, amplie as perspectivas para o setor, com impulso aos preços no mercado doméstico e proporcionando uma maior rentabilidade do cultivo.

O milho deve ser a principal matéria-prima do etanol que será adicionado à gasolina após as novas regras, e a expectativa é que fábricas do combustível sejam instaladas junto às regiões produtoras assim que a legislação estiver definida. “Os investimentos devem chegar logo, desde que existam regras claras”, disse Juan Avellaneda, da Maizar, uma associação de produtores.

A Argentina é exportadora de petróleo e derivados, e por isso até recentemente iniciativas para o desenvolvimento de biocombustíveis ainda não tinham obtido sucesso. A situação mudou com o aumento do preço internacional do petróleo e com a progressiva queda da produção do país, já que os investimentos em prospecção estão praticamente paralisados desde a desvalorização do peso, em janeiro de 2002.

“O importante é que vamos agregar um novo componente à equação econômica, e isso dá muito mais versatilidade e possibilidades de êxito”, afirmou o secretário de Agricultura, Miguel Campos. “Se o preço dos combustíveis baixa, redireciono minha produção para o alimento”, explicou ele.

Embora o secretário tenha dito que a lei abre espaço também para o uso de álcool de cana, o etanol de milho deve ser o combustível usado na mistura com a gasolina. Isso porque a produção argentina de álcool de cana-de-açúcar ainda é pequena e pouco competitiva.

A produção argentina de açúcar está concentrada na Província de Tucumán, no norte do país, e os usineiros admitem ser impossível competir com a produção brasileira. Por causa disso, o açúcar é um dos produtos em que não há livre comércio no Mercosul – as tarifas de importação inviabilizam a exportação de açúcar brasileiro à Argentina.

Apesar disso, o setor vem recebendo investimentos, embora ainda seja difícil estimar que impacto esses aportes terão sobre a competitividade do setor. No fim de abril, a empresa química Atanor comprou um dos três maiores engenhos de cana em Tucumán por um valor não divulgado. Segundo estimativa de analistas locais, com a aquisição do engenho, que pode produzir 300 mil toneladas de açúcar por ano, a empresa passou a responder por entre 14% e 20% da produção total da Argentina.