Nessa sexta-feira (3) será inaugurada em Lençóis Paulista (43 quilômetros de Bauru), às 20h, a fábrica FibraResist que processa a palha da cana-de-açúcar para ser utilizada como adubo e matéria prima para produção de alguns tipos de papéis e embalagens. É a primeira indústria no mundo com essa finalidade. A unidade vai funcionar no Distrito Industrial Luiz Trecentti II, localizada na marginal da rodovia municipal Juliano Lorenzetti.
O empreendimento é do Grupo Cem, holding que atua em diversos negócios no interior paulista e em outros estados brasileiros, e já fez investimento parcial de R$ 25 milhões no novo projeto. No ato inaugural estará presente o presidente do Grupo, Antonio Cesar Merenda.
Mais de 80% da estrutura da fábrica foi montada com equipamentos adquiridos e reaproveitados da indústria Lwarcel, gerando assim mais ganho sustentável ao projeto.
Com uma área de 60 mil m², a FibraResist tem capacidade para produzir até 72 mil toneladas da pasta por ano. A previsão é atingir esse volume de produção a curto e médio prazo, quando a empresa deverá atingir o pico máximo de faturamento.
A produção inicial, que será de 25% do total da capacidade produtiva, já está sendo negociada com empresas que produzem diversos tipos de embalagens e também papel kraft e tissue (como papel higiênico e papel toalha). Foram seis anos de pesquisa para chegar à inovação que transforma a palha da cana-de-açúcar em pasta mecânica celulósica, matéria-prima 100% sustentável.
O biodispersante separa a lignina (molécula que dá rigidez às células das plantas) das fibras existentes na palha. Foi criado pela própria empresa que elimina a necessidade de calor. O processo envolve um circuito fechado que evita perdas e desperdício de água, e o pouco resíduo gerado na produção pode ser reutilizado como adubo no campo, entre outras finalidades. A pasta foi avaliada e classificada pela Universidade Federal de Viçosa (MG).
O produto que será oferecido ao mercado é possível produzir a mesma metragem de papel com menos insumo, o que gera ganho de espessura (bulk).
De acordo com o grupo, há ganhos no processo produtivo, já que a pasta é livre de impurezas, e não oferece perdas de matéria prima em relação a outros processos já existentes no mercado. Não há custo do descarte do resíduo proveniente da reciclagem e ainda, há o ganho institucional da escolha de uma matéria prima 100% sustentável.
“O uso da pasta mecânica celulósica vai muito além do apelo da sustentabilidade. Ele traz mais produtividade e rentabilidade à indústria de papel e embalagem”, afirma José Sivaldo de Souza, da FibraResist.
Parceria é feita para colheita e transporte
A FibraResist firmou parceria com a cooperativa Coopercitrus para a colheita e transporte da matéria prima proveniente do campo. Com a expertise da Coopercitrus a colheita é feita sem prejuízo à cultura principal da cana-de-açúcar.
“O valor pago na venda da palha à Coopercitrus é revertido em benefícios aos próprios produtores pela própria cooperativa em produtos e serviços da Coopercitrus, como fertilizantes, defensivos agrícolas, utilização da oficina mecânica, entre outras facilidades”, explica Fernando Degobbi, diretor financeiro da cooperativa. Cada hectare é capaz de produzir até 16 toneladas do subproduto. Isso significa que um produtor médio, com 100 hectares, consegue gerar até 1.600 toneladas que podem ser revertidas em benefícios ofertados pela cooperativa.
Outra vantagem para o produtor é se livrar do acúmulo de palha no solo. Como se trata de um material de fácil combustão, o excesso aumenta o risco de incêndio e ainda contribui com a proliferação de pragas, ervas daninhas e pode trazer riscos até mesmo à saúde humana. Mais um ponto relevante é que, a partir de 2018, passa a ser proibida a queimada da palha da cana em todo o Estado de São Paulo, o que pode aumentar o acúmulo do subproduto no solo.
As informações são do Regional.