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Nordeste pode ter problemas de energia

A falta de chuvas este ano pode causar prejuízos ao abastecimento de água e energia no Nordeste em 2004, avalia o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), do Ministério da Agricultura, que está analisando o nível do Rio São Francisco, a principal fonte de abastecimento da região. A estiagem também atingiu o chamado “cinturão da soja”, no sul do Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins.

Mas o tema é polêmico. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) garante que não haverá problemas de abastecimento energético, mesmo que o nível dos reservatórios tenha chegado a 13,77% no início da semana. Na região Sudeste, a situação é tranqüila, segundo o Inmet, uma vez que o nível dos reservatórios alcançou 37,05% da capacidade, 16,81 pontos acima da curva de referência, que serve de alerta para as autoridades.

Mas no Nordeste, segundo o Inmet, a safra do chamado “cinturão da soja” só não ficará mais comprometida se chover bastante em janeiro. “Se isso acontecer, a safra estará salva. Mas, por enquanto, o que estamos vendo são problemas”, diz Expedito Rebello, chefe da Divisão de Metereologia Aplicada do Inmet.

“Tivemos poucas chuvas no segundo semestre de 2003 no Sudeste, principalmente no norte de Minas Gerais, onde nasce no Rio São Francisco. Por isso, os níveis de alguns reservatórios pode ficar comprometido em 2004, mesmo que chova já no início do ano”, afirmou Rebello. Segundo ele, talvez seja necessário que outras hidrelétricas, como Tucuruí, Furnas e Três Marias, tenham de suprir o Nordeste.

O presidente do ONS, Mário Santos, assegura que não há risco de racionamento de energia, mesmo com o baixo nível dos reservatórios que abastecem as usinas hidrelétricas da região, que no início da semana estava apenas 0,99 ponto porcentual acima da curva de referência. “O que pode acontecer de pior é o aumento do custo de geração, jamais racionamento”, afirmou Santos.

O ONS não descarta a possibilidade de acionar as usinas emergenciais, mas espera que as tradicionais chuvas que caem no período de fim de ano na região central de Minas Gerais possam elevar o nível dos reservatórios no Nordeste, já que essas águas chegam à usina de Sobradinho, na Bahia.

Apesar de a falta de chuvas ser preocupante, o ONS conta com outras opções para garantir o abastecimento da região. Segundo Santos, o consumo de energia tende a cair nos últimos dias do ano em razão dos feriados. Estão previstas avaliações do ONS nos dias 26 de dezembro e 2 de janeiro sobre a necessidade ou não de gerar energia emergencial. “Estamos absolutamente tranqüilos”, disse Santos em relação ao abastecimento.