O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura do Paraná elevou as projeções de prejuízos na safra de grãos do estado por conta da seca. Segundo relatório divulgado ontem, as perdas chegam a R$ 2,1 bilhões. O volume é quase o dobro do divulgado no início de março (R$ 1,1 bilhão). A quebra na safra de soja é recorde. De acordo com o levantamento, a produção deverá somar 9,5 milhões de toneladas, 23% menor que o volume previsto inicialmente (12,4 milhões de toneladas).
Se confirmada, a safra de soja ficará abaixo de 2003/04, que já havia sido castigada pela seca e que rendeu 10,1 milhões de toneladas. O prejuízo é ainda maior considerando-se que a área plantada nesta safra cresceu. Foram cultivados 4,089 milhões de hectares, 13,8% mais que na anterior.
A seca, que em muitas regiões do estado já dura mais de três meses, também causou estragos na lavoura de milho, que deverá render uma produção de 6,72 milhões de toneladas, 7% menos do que a estimativa inicial. A estiagem atrasou o plantio do milho safrinha e o Deral já reduziu a estimativa de área de 1 milhão de hectares para 900 mil hectares. O período de plantio, de acordo com o zoneamento agrícola, já se encerrou em várias regiões, mas até agora apenas 54% da área foi plantada. “Isso significa que 400 mil hectares teriam que ser plantados com milho safrinha nos próximos 20 dias, meta difícil de ser alcançada. Além disso, o produtor que arrisca plantar fora de época está sujeito a problemas como a geada”, diz Dirlei Manfio, responsável pelo setor de previsão de safras do Deral. A produção da safrinha já foi revisada e aponta para um volume de 3,07 milhões de toneladas, 9,8% menor que o previsto inicialmente.
A seca também está provocando quebras em outras culturas, como arroz, cana-de-açúcar, café e algodão. Ao todo, a safra de grãos está estimada em 24 milhões de toneladas, 13,6% menos do que a previsão inicial. Se confirmado será o menor volume dos últimos cinco anos.
Dois anos consecutivos de seca fizeram o Paraná perder posições na participação na produção de grãos nacional. Se em 2003, 25% dos grãos produzidos no Brasil saiam das lavouras do estado, esse ano esse volume deve ficar entre 19% e 20%. A receita bruta da produção, que já havia tido ligeira redução em 2004 por conta da quebra da safra e da queda dos preços internacionais nos segundo semestre deve cair ainda mais em 2005.