A fabricante de implementos rodoviários para transporte de carga, Guerra S.A., de Caxias do Sul, na serra gaúcha, começou nesta semana a analisar a possibilidade de contar com uma nova unidade industrial para a produção dos modelos canavieiro e madeireiro. A localização levará em conta as regiões produtoras de cana-de-açúcar para atender a forte demanda do segmento sucroalcooleiro, levando a produção até as usinas. Várias hipóteses já foram identificadas e serão avaliadas na reunião da diretoria na próxima semana. A inclinação é pelo oeste de São Paulo, que supriria a região Sudeste e Centro-Oeste.
Por ser um projeto embrionário, não há dados sobre o valor do investimento na nova fábrica. “Se tivéssemos equipamentos para pronta-entrega, teríamos vendido entre 60 e 70 unidades na Agrishow” disse a este jornal o gerente de venda da Guerra, Pedro Bolzzoni. “Sem dúvida, o mercado canavieiro está muito aquecido”, acrescenta o executivo. “Se considerarmos o número de consultas que recebemos na feira para entrega imediata e futura (safra 2007-2008) o número de pedidos ultrapassa de 700, incluindo não só o canavieiro”, destaca Bolzzoni.
Além de facilitar a logística, a decisão da diretoria está relacionada à falta de espaço em Caxias do Sul para futura ampliação. “A linha de montagem está chegando ao limite. Não há onde tirar mais capacidade, só uma nova fábrica”, afirma Bolzzoni, acrescentando que esta situação decorre da diversidade de novos produtos, como basculantes, tanques e canavieiros, oferecidos desde o ano passado. “A média mensal tem se situado na faixa de 550, 600 e até 650 unidades”, diz o executivo.
A Guerra possui duas unidades em Caxias do Sul, outra na vizinha Farroupilha, onde produz furgões e baú lonado, uma em Guarulhos, São Paulo, onde faz o modelo sider e monta terceiro eixo, e outra em Rosário (Argentina), em que produz veículos especiais e reboques. “Por enquanto, nós estamos enviando o canavieiro desmontado (CKD) para ser montado em Guarulhos”, diz Bolzzoni.
No período entre janeiro e abril, a produção para o mercado interno somou 2,6 mil unidades, volume 36,8% maior que os 1,9 mil equipamentos feitos em igual intervalo do ano passado. Com a diversificação do mix de produtos, a Guerra fechou 2006 com 6,1 mil unidades fabricadas. Para 2007, a previsão inicial era 7 mil unidades e 20% de incremento no faturamento de R$ 303,16 milhões do ano anterior.
Os números, porém, começam a ser revisados para cima. “Estamos falando de 8 mil equipamentos, e este número pode mudar”, avisa o gerente de vendas, acrescentando que as exportações não chegam a representar 15% do total da produção. “Dependendo do comportamento do câmbio, parte do que poderia ir para o mercado externo será direcionado para o mercado interno”, diz. A estimativa de Bolzzoni é encerrar 2007 com a produção de 550 unidades de canavieiro. “Este é um projeto que está no início, mas vem crescendo a um ritmo intenso”, ressalta.
Com carteira tomada pelos próximos dois meses, Bolzzoni diz que a entrega de pedidos para reboques e semi-reboques graneleiros somente daqui a 60 dias, enquanto que basculantes, tanques e madeireiro só a partir de agosto. Para amenizar o quadro, a Guerra optou pela abertura de turnos extras em atividades onde há gargalos, como na área de soldagem.