Mercado

No agronegócio, saldo a favor do Brasil

China é o segundo maior importador de produtos brasileiros, atrás apenas dos EUA. A balança comercial do agronegócio Brasil – China é altamente superavitária para o primeiro, porém empresários brasileiros acham que o volume de vendas poderia ser ainda maior se os chineses não criassem tantas barreiras ao comércio. A China é o segundo maior importador de produtos agrícolas do Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos. As compras chinesas equivalem a todas dos pouco mais de 13 países do Oriente Médio.

No ano passado, o Brasil fechou com superávit de US$ 3,08 bilhões com a China, resultado de exportações de US$ 3,09 bilhões e importações de apenas US$ 194,9 milhões. Enquanto as exportações brasileiras cresceram 4,3% em 2005, na comparação com 2004, as importações aumentaram 88,2% no período.

O carro-chefe das vendas é a soja, commodity usada não só na alimentação humana, mas também como farelo na ração animal. Individualmente, a China é o maior importador de soja do Brasil. Em 2005, as compras representaram 32% de toda soja brasileira embarcada para o exterior, ou US$ 1,87 bilhões. “O comércio entre os dois países poderia ser ainda mais intenso se a China não impusesse tarifas protecionistas”, diz uma fonte da indústria de esmagamento de soja.

Em 2004 a China exigiu que o Brasil emitisse atestado de que exportava soja transgênica, embora seu cultivo na época não fosse totalmente regularizado. O problema foi resolvido no início deste ano, quando Pequim autorizou o Brasil a exportar soja transgênica por cinco anos.

As importações chinesas do complexo soja são objeto de tarifas de 3% no grão, 5% no farelo e 9% no óleo. Adicionalmente, no farelo, é cobrado Imposto sobre Valor Agregado (IVA), semelhante ao nosso ICMS, de 13%. “O imposto sobre o farelo praticamente inviabiliza nossas exportações. Hoje, nossas vendas são zero”, diz uma fonte da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Outro item importante no comércio bilateral é o couro, usado pela feroz indústria de calçados e depois reexportado para o Brasil com maior valor agregado. Depois da Itália, a China é nosso maior comprador. Em 2005, o Brasil exportou US$ 250,2 milhões para a China, ou 17,9% de nossos embarques, informa o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Além de soja e couro, a China compra pequenas quantidades de açúcar e suco de laranja. O Brasil, por sua vez, importa especiarias e chás.

Caso os chineses venham a consumir um quilo a mais de açúcar por ano, esse mercado cresceria 1,5 milhão de toneladas, com forte impacto sobre os preços, que já estão elevados por causa da procura pelo álcool, produto para o qual esse raciocínio também é válido. As exportações brasileiras de açúcar alcançaram 18,15 milhões de toneladas, quase US$ 4 bilhões, em 2005. Para a China, porém, foram quase nulas. O mesmo ocorre com as carnes. A China pouco participou das vendas externas, que alcançaram US$ 8,06 bilhões, 31% mais que em 2004.

Na tentativa de conquistar uma posição de destaque, uma comitiva de empresários do ramo de açúcar e de álcool se organiza para participar entre 23 e 27 de maio da Brasil Expo-China, promovida pelo Instituto de Cooperação Internacional, sob a coordenação de Wladimir Pomar.

Não é o mesmo ânimo no setor de carnes: desde 2002 o Brasil negocia com Pequim um acordo sanitário, sem sucesso.