A indústria paulista de transformação experimentou em julho o décimo mês seguido de queda no nível de emprego, mas dá sinais de recuperação. Um pesquisa divulgada na última quinta-feira (13) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) apurou baixa de 0,32% no índice com ajuste sazonal, e uma perda líquida de 3.500 postos de trabalho (-0,16%), contra oito mil vagas eliminadas no mês anterior. Os resultados, no entanto, são os piores para o mês desde 2006.
“O emprego na indústria vem caindo ainda, porém a taxas menores do que nos primeiros meses do ano, tendendo a zero”, avaliou Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da FIESP/CIESP.
Segundo Francini, a economia ainda precisa “limpar os ferimentos” causados pela passagem da crise financeira no Brasil, mas a recuperação não deve ser imediata. Só a indústria paulista perdeu quase 200 mil empregos em um ano, segundo a pesquisa das instituições, dos quais 58 mil de janeiro a julho deste ano.
“Se este é o preço que pagamos pela crise, pagamos barato, em comparação com países mais prejudicados. Mas uma parte da atividade brasileira depende da reação do mundo, e certamente demoraremos anos para reconquistar essas 200 mil vagas”, disse Francini.
Apesar de apostarem na retomada da estabilidade do emprego nos próximos meses, a FIESP demonstra cautela na avaliação do ritmo de recuperação, que dependerá de fatores externos. “Ainda existem sinais contraditórios nesse quadro. A queda nas exportações, por exemplo, tem uma interferência muito forte na atividade industrial. Além disso, as empresas precisam de confiança para voltar a investir. Daqui vamos para um quadro melhor, mas é impossível transformá-lo em um milagre”, ponderou ele.
Setores
O saldo entre contratações e demissões em julho! foi negativo em 13 setores da indústria. Três deles ficaram estáveis e seis tiveram desempenho positivo no mês. Os setores ligados ao consumo foram bem: vestuário e acessórios (1,8%), produtos diversos, que inclui brinquedos, jóias e bijuterias (0,8%) e couro e calçados (0,7%) encabeçaram a lista. Fabricação de coque, petróleo e biocombustíveis (-1,5%), celulose e papel (-1,4%) e máquinas e equipamentos (-1,2%) foram as principais variações negativas.
Regiões
Com o fim da fase de contratações no setor sucroalcooleiro, o emprego na Grande São Paulo (0,14%) superou o índice do interior paulista (-0,36%), onde se concentram as usinas.
Das 36 diretorias do Ciesp no estado que compõem o levantamento, o saldo positivo de empregos industriais é mais forte nas seguintes regiões: Matão (13,34%), pelo segundo mês consecutivo, com expressiva alta no setor de Produtos Alimentares (27,27%) e Vestuário (15,38%); Jacareí (1,66%), puxada principalmente por Produtos Químicos (1,22%) e Produtos de Metal (0,25%), e Piracicaba (1,34%), com destaque para Produtos Alimentares (2,53%) e Coque, Petróleo e Biocombustíveis (2,24%).
As regiões que encabeçaram as demissões no estado foram São Carlos (-2,48%), influenciada por Produtos de Metal (-10%) e Minerais não Metálicos (-1,51%); Santa Bárbara D’Oeste (-1,79%), principalmente nos setores de Máquinas e Equipamentos (-8,05%) e Borracha e Materiais Plásticos (-1,21%), e Presidente Prudente (-1,79%), puxada por Produtos Alimentares (-4,20%) e Coque, Petróleo e Biocombustíveis (-0,41%).
Sensor
O indicador antecedente da FIESP registrou mais um resultado positivo: 56,5 pontos na primeira quinzena de agosto, o melhor da série histórica desde abril de 2008. Mercado (63,3) e Vendas (60,2) seguem em alta, e o estoque (47,7) se aproxima da neutralidade. Emprego (54,5) e Investimentos (55,6) também indicam tendência de recuperação. “O Senso! r está enxergando coisas melhores para frente. Certamente essa sensação chegará aos resultados da indústria em um momento próximo”, apostou Francini.