O presidente Luiz Inácio Lula da Silva,que tem defendido amplamente a adoção de biocombustíveis comoalternativa ao petróleo, disse nesta quarta-feira que se devebuscar fontes alternativas aos alimentos para produzir etanolna Nicarágua.
Seu velho amigo Daniel Ortega, que voltou em janeiro aopoder no país após 16 anos na oposição, não está de acordo coma proposta do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deproduzir biocombustíveis a partir do milho, por ser um alimentobásico.
O Brasil produz etanol há 30 anos com base nacana-de-açúcar e o utiliza misturado com gasolina.
“Produzir etanol a partir de milho na Nicarágua é comoproduzir etanol através de feijão no Brasil, ou seja, éimpossível. É necessário buscar outras plantas”, disse Lula,que chegou na terça-feira na Nicarágua para iniciar a primeiravisita oficial de um presidente brasileiro ao paíslatino-americano.
“A política de biocombustíveis está subordinada à realidadede cada país, às condições de cada país, ao tamanho de cadapaís, às necessidade alimentares de cada país e, portanto, cadapaís é soberano para tomar suas próprias decisões”, acrescentouLula.
Já Ortega disse que suas diferenças sobre a questão doetanol são com o presidente dos Estados Unidos, país quedurante o primeiro governo de Ortega, na década de 1980,financiou e treinou rebeldes para tentar derrubá-lo.
“Temos uma discrepância, não com Lula, porque eles produzemetanol da cana, e sim com Bush, que foi quem apresentou essaproposta, essa iniciativa, que já está sendo desenvolvida nosEstados Unidos de produzir etanol a partir do milho”, disseOrtega.
Ambos os presidentes falaram a jornalistas antes de sereunirem para discutir detalhes de 12 acordos de cooperaçãobilateral.
Entre os acordos está o de apoio energético do Brasil paraa Nicarágua, que sofre com uma crise de “apagões” de váriashoras diárias por déficit de geração de eletricidade.
“O governo brasileiro está disposto a dar financiamento,participação em empresas e construir hidroelétricas naNicarágua”, afirmou Lula.