Mercado

Nem safra maior vai baixar preço do álcool

A previsão de maior produção de cana-de-açúcar este ano não será suficiente para reduzir o preço do álcool nos postos de combustíveis no segundo semestre. A previsão é de que a safra 2003/2004 seja 8,2% maior que a anterior, totalizando 340 milhões de toneladas. No início da colheita, este ano antecipada para abril, os preços do álcool combustível sofreram forte queda nas bombas. O valor médio então em R$ 1,562, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), chegou a R$ 1,203 em julho. Agora, a realidade é outra.

As usinas do Centro-Sul continuam a colheita, mas os preços estão retomando os valores anteriores. Em Minas Gerais, onde a moagem de cana-de-açúcar cresceu 19%, até meados deste mês, o preço médio subiu de R$ 1,260 em julho para R$ 1,336 na semana passada. O que representa uma diferença de 6%. Mantidos os resultados até o momento, a previsão dos empresários mineiros é de que a produção de cana-de-açúcar este ano termine 16% maior que a de 2002.

“Nos preços, a tendência nacional do álcool é estabilizar no patamar atual, com pequenas variações. A partir de novembro, porém, o valor voltará a subir, porque chega o período de entressafra”, afirma o consultor Elio Valença. Segundo ele, a recomposição de preços no segundo semestre ocorre também por causa do atraso na liberação de R$ 500 milhões prometidos pelo governo para financiar o armazenamento de álcool. O combustível reservado seria usado na entressafra, para evitar um risco de desabastecimento, conforme aconteceu no início deste ano.

Para Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Minas, a produção maior nesse período do ano no Estado está relacionada à antecipação da colheita da safra. “Como a produção iniciou-se em abril, um mês antes do normal, o estoque se destacou em relação ao da safra 2002/2003”, explica. No primeiro bimestre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e usineiros do Centro-Sul fecharam acordo de antecipação da safra para abril, para evitar a falta de álcool no mercado.

O reflexo do álcool mais caro chegou à gasolina, que tem em sua composição 25% de álcool anidro. Entre julho e agosto, o preço médio do litro em Belo Horizonte passou de R$ 1,793 para R$ 1,840. De acordo com Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), o álcool anidro brasileiro saiu de R$ 0,703 no início de agosto para R$ 0,724 na semana passada. Alta de 3% em 20 dias. O preço do álcool utilizado como combustível direto nos carros, chamado de hidratado, subiu na mesma escala. O valor, que em 4 de agosto era R$ 0,593, agora está R$ 0,611.

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