Na cidade conhecida em todo o País pela exuberância de suas flores, um produto que poderia virar lixo, o bagaço de cana-de-açúcar, está se transformando em arte. O trabalho é desenvolvido por artesãs que participam do Núcleo de Artesanato do Projeto Empreender, oferecido em Holambra pela Associação Comercial e Empresarial (ACE) do município. A iniciativa visa desenvolver artigos com características locais e que possam ser consumidos pela população e também pelos turistas.
A idéia de produzir artesanato utilizando bagaço da cana surgiu em 2006, quando as sete participantes do núcleo experimentaram diversas técnicas de produção. Mas foi só no final do mês passado, que elas conheceram de perto, por meio de um curso ministrado pelo grupo de artesãos Os Segredos da Cana, de Piracicaba, novas técnicas para o uso do produto e para confecção de peças.
“As participantes se reúnem semanalmente há aproximadamente seis meses. Todo o processo de capacitação foi feito na cidade de Piracicaba, com o apoio da prefeitura, do Sebrae e do Rotary Clube de Holambra”, disse Oduvaldo da Silva Pinto, presidente da ACE de Holambra.
Aulas – Nas aulas, em Piracicaba, as profissionais aprenderam todo o processo, que vai desde a trituração do bagaço até a formação da massa, semelhante ao biscuit, que depois é manipulada e transformada em peças. Além disso, as artesãs aprenderam a montar bolsas e criaram vários produtos no tear.
“A criação tem ênfase nas flores, tulipas, bolsas, tamancos e moinhos. Por ser um produto bastante versátil e barato, o bagaço de cana pode ser trabalhado isoladamente ou aliado a outros produtos, como madeira, cerâmica e barbante. As peças ficam muito bonitas”, ressaltou Carmen Schneider, agente do Projeto Empreender de Holambra.
Toda a matéria-prima utilizada no projeto é doada pelos garapeiros da região de Holambra. “Pretendemos atuar em quatro linhas de produtos: bijuterias, acessórios para flores, para cachaças, como porta-garrafas, além do turismo rural, com chaveirinhos e tamancos”, contou Maria do Carmo Martins, uma das artesãs integrantes do núcleo.
Por enquanto, os artefatos produzidos só podem ser encontrados em exposições realizadas na cidade. “Estamos confeccionando os moldes para, futuramente, produzir os produtos em escala, visando atender às necessidades da população e dos turistas. O objetivo é vender o artesanato nas lojas da cidade para melhorar a renda das participantes do núcleo”, afirmou Oduvaldo.
“Para nós, artesãs, uma renda extra mensal entre R$ 200 e R$ 300 seria muito bem vinda. Estou muito otimista, já que é um projeto de futuro e nos dá um horizonte maior”, completou Maria do Carmo. A artesã espera que os produtos comecem a ser vendidos até o final de agosto, quando tem início a a tradicional feira de flores de Holambra, a Expoflora, que atrai turistas de todo o País e até do exterior.