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Muito além dos fósseis

Nós imaginamos que, em 2050, 40% dos carros serão elétricos.” A frase pode parecer ambiciosa em excesso, ainda mais vinda de ninguém menos que o presidente mundial da Shell, Peter Voser. Mas esse cenário parece não destoar daqueles desenhados pelas empresas que até agora vivem do petróleo: a necessidade de ampliar o leque de alternativas energéticas. De acordo com Voser, 25% do dinheiro investido em pesquisas é destinado à busca de novas matrizes. Recentemente, a Shell assinou uma joint venture com a empresa brasileira Cosan, de 21 bilhões de dólares por ano, para a produção de etanol, o álcool para automóveis.

A Shell não está sozinha. A Petrobras, enquanto investe no pré-sal, também aplica recursos na Petrobras Biocombustível, criada em 2008. A meta é produzir, em uma usina de etanol de Minas Gerais, 203 milhões de litros por ano e 38,5 megawatts de energia, gerada pelo aproveitamento do bagaço de cana. “Até 2013, vamos evitar a emissão de 4,5 milhões de toneladas de CO2, com a gestão de emissões de gases de efeito estufa, eficiência energética, melhorias operacionais, uso de energias renováveis e pesquisa”, afirma a gerente geral de Desempenho Energético de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras, Beatriz Espinosa.

Para o American Petrol Institute (API), os combustíveis alternativos só serão responsáveis por 9% da demanda de 2030. Segundo eles, mais de 60% dos combustíveis utilizados no mundo ainda serão oriundos do petróleo ou do gás natural. Para eles, o que mudará é a eficiência do combustível, tanto na refinação como no desenvolvimento de motores mais econômicos. A Gulf International investe hoje em biocombustíveis e em óleos lubrificantes biodegradáveis, como o Gulf Green 3000.

A marca não trabalha mais com a extração de petróleo. O Autogas (gás natural automotivo), por sua vez, é a aposta da Repsol. De acordo com a companhia, hoje 13,5 milhões de veículos no mundo usam esse tipo de combustível.

CHAVE GERAL

Cinco das grandes empresas japonesas de automóveis e de energia – Toyota, Nissan, Mitsubishi, Fuji Heavy Industries e a Tokyo Electric Power Co. – se uniram para decidir sobre um padrão de sistema para recarga rápida de veículos elétricos. E criaram a associação CHAdeMO, uma abreviação para a frase “charge for movin”, ou “carga para se mover”.

O objetivo é criar pontos de recarga rápida em locais como shoppings e restaurantes e nas estradas principais, seguindo um padrão que será ainda definido pela associação. A proposta da criação deste grupo também é criar normas rígidas para garantir que os serviços de recarga de veículos atendam a todos os tipos de elétricos do mercado, normatizando tipos de conectores e de estações de recarga. Com essas regras claras, segundo a associação, fica mais fácil para as empresas desenvolverem os veículos elétricos do futuro.