Mercado

Motor a etanol para máquinas agrícolas: o novo marco da GRUNNER

O protótipo foi apresentado na última edição da Agrishow

Motor a etanol para máquinas agrícolas: o novo marco da GRUNNER

Pesquisar, desenvolver e ouvir o que o produtor precisa. Foi assim que nasceu a Grunner, e é desta maneira que está sendo desenvolvido o protótipo do motor a etanol para máquinas agrícolas que a companhia apresentou durante a Agrishow, em parceria com a Sistemas DSA, de Daniel Sofer.

“Está no DNA da Grunner trazer soluções do campo para o campo. Por isso, o protótipo de motor movido a etanol é um grande passo rumo à descarbonização nos motores pesados, trazendo como solução o melhor combustível sustentável: o etanol”, destaca o CEO da Grunner, Denis Arroyo.

O modelo apresentado durante a feira é um protótipo, e de acordo com o executivo, passará por uma validação de cerca de um ano e meio até que possa ser disponibilizado para comercialização.

“Nosso jeito de construir os negócios sempre foi baseado em parcerias e para esse projeto não poderia ser diferente. Para o motor a etanol, ter o Daniel Sofer, da DSA, com sua expertise, energia e motivação é garantia de mais uma grande parceria das nossas Smart Machines”, acrescenta Arroyo.

“Temos um cuidado muito grande quando lançamos um projeto para o mercado, e estamos muito confiantes neste estudo. Sabemos o quanto o combustível significa de custo na produção atualmente e o quanto conseguiríamos diminuir isso para o agricultor, principalmente ao produtor de cana−de−açúcar”, explica Mateus Belei, um dos fundadores da Grunner.

Daniel Sofer, da DSA, explica que “o desejo de poder usar etanol em motores pesados, utilizados no próprio setor sucroenergético, é antigo. Mas, até agora, havia uma barreira tecnológica: o etanol era sinônimo de motores operantes no ciclo Otto. Para que funcionasse foi necessário criar um conceito de controle de combustão que permitisse operar motores que nasceram para uso de diesel com etanol como único combustível”.

Denis Arroyo, CEO da Grunner, Daniel e Patricia Sofer, da DSA e Arnaldo Jardim, deputado federal

A DSA criou um injetor que permite que o etanol seja inserido no motor de forma a queimar na câmara de combustão sem que se deva fazer nenhuma modificação física ao modelo que nasceu diesel. “As únicas mudanças são a substituição dos injetores diesel pelos Injetores DSA de etanol e da central eletrônica diesel pela Central Eletrônica DSA para etanol”, detalha Sofer.

Para o deputado federal, Arnaldo Jardim, o motor a etanol foi a maior novidade da Agrishow 2024. “Fico muito feliz em conhecer essa novidade, pois tenho a certeza de que o nosso etanol, que já faz tanta diferença, vai fazer ainda mais e esse conceito abre uma nova rota tecnológica. A conversão do motor é uma sacada genial e abre caminho para o combustível do futuro. É o biocombustível do Brasil, nosso compromisso com a transição energética”, evidenciou o também presidente da Frente Parlamentar do Etanol e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Da inconformidade para um grande negócio

Quando os irmãos Mateus, Henrique e Livia Belei começaram a mexer nos maquinários no galpão da propriedade produtora de cana−de−açúcar, em Lençóis Paulista (SP), em 2009, jamais imaginariam que estavam dando início a um novo negócio. Incomodados com a falta de precisão no controle de tráfego, grande compactação do solo, baixa velocidade de operação, alto consumo de combustível, comprometimento na logística na colheita, maior custo de operação e pequena vida útil, eles decidiram agir.

Modelo Grunner ATR320x, utilizado na operação de colheita e transbordo de cana-de-açúcar

A ideia era diminuir os custos e aumentar a produtividade na rebrota da cana. Para isso, os produtores adaptaram um caminhão Mercedes Benz modelo Axor 3131P.Abriram os eixos do caminhão de 1,90 metros para três metros, assim puderam abranger todo o espaço entre uma linha e outra da cultura, além de trocar o radiador. O resultado foi o aumento da produtividade de 70 toneladas de cana por hectare para 117 toneladas por hectare e uma nova empresa :a Grunner.

A invenção conquistou produtores de diversas regiões brasileiras, consolidando a Grunner como uma companhia dotada de alta capacidade inovadora na produção de tecnologia, com foco no aumento de produtividade da operação e maior cuidado com a lavoura − pelo controle de tráfego e menor compactação do solo.

Em 2018, foi firmada uma parceria exclusiva com a Mercedes Benz. O acordo permitiu que os caminhões da marca alemã recebessem o protocolo de tecnologia que deu origem às máquinas Smart Machines da Grunner, em um processo colaborativo vital para acelerar a inovação, no qual as engenharias das duas empresas estão conectadas. O sucesso dessa união fez com que as máquinas da Grunner fossem incluídas no ranking dos dez principais produtos da história da Mercedes, em 2021.

A inovação foi tanta que a Grunner obteve a concessão de patente de modelo de utilidade. Com a permissão autorizada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI),a companhia se tornou proprietária do título “conjunto de conversão para aumento de bitola das rodas de caminhões rodoviários para uso em lavouras diversas” em todo território nacional até 2033.

Ao completar cinco anos de história em 2024, a Grunner chegou à marca de 1.000 equipamentos vendidos e em operação e anunciou investimentos de R$ 13 milhões para a construção de uma nova fábrica em Macatuba (SP), vizinha a Lençóis Paulista, onde está a sede da empresa.

Motor para equipamentos pesados movido a etanol

Portfólio do campo para o campo

No portfólio da Grunner, o primeiro modelo produzido foi o ATR18, para operação no transbordo da colheita da cana, que sanou o problema do controle de tráfego nas lavouras e minimizou os efeitos adversos da colheita mecanizada, além de garantir a conservação do solo por mais tempo.

“Nas áreas onde se tem o controle de tráfego, é nítida que a incidência de erosão é menor porque a água da chuva tem maior possibilidade de se infiltrar no solo pelo aumento da porosidade total. O controle de tráfego é sinônimo de conservação de solo e essa água infiltrada se transforma em produtividade na próxima colheita”, comenta o gerente de mercado da Grunner,Tedson Azevedo.

“Por serem dotadas de piloto automático, nossas soluções possibilitam trafegar dentro da lavoura sem ‘pisar’ na linha de cana−de−açúcar, preservando e aumentando a produtividade do canavial. O fato de não compactar o solo de maneira generalizada e preservar a cana−soca de zonas compactadas beneficia justamente a produtividade, não só de cana por hectare, mas a produtividade daquilo que remunera o produtor, que é a tonelada de açúcar por hectare (TAH)”, complementa Azevedo.

Além da preservação da linha de cana, os equipamentos Grunner também apresentam soluções ambientalmente mais corretas e menos agressivas na comparação com os tratores convencionais utilizados na colheita.

“Uma Smart Machine, por ter uma eficiência energética maior do que um trator, consegue transportar uma mesma quantidade de cana colhida com menor quantidade de diesel, gastando menos energia. Isso se reflete nos custos operacionais e na redução da emissão de gases de efeito estufa. Apenas nos últimos cinco anos de frota Grunner, os produtores deixaram de usar um total de 600 milhões de litros de óleo diesel, impactando na descarbonização da cadeia em uma equivalência de 150 mil árvores plantadas utilizando 50% menos de combustível, a frota de Smart Machines em operação em todo o Brasil possibilitou a não emissão equivalente a 19,2 toneladas de gás carbônico equivalente (CO2eq)”, ressalta o especialista.

Outro ponto importante com relação ao controle de tráfego utilizando as Smart Machines da Grunner é a possibilidade de retardar a manifestação de um estresse hídrico. Ou seja, a planta fica naturalmente irrigada por mais tempo porque apresenta um sistema radicular mais desenvolvido e com acesso à água em profundidade, fatores que, em um solo compactado, impossibilitam as raízes de alcançarem a fonte hídrica.

Protótipo foi apresentado na Agrishow

Grunner possui também em seu portfólio os modelos da família ASP, destinados à aplicação de adubos líquidos e vinhaça, utilizados para fertirrigação. O produtor usa o vinhoso na linha, pois além de fornecer água e nutrientes, age como recuperador da fertilidade do solo, inclusive em profundidade. Introduz nutrientes em profundidade como o cálcio, magnésio e potássio, enriquecendo os solos.

Conceito inovador para redução de custos e alta eficiência

Impulsionada pela grande procura do modelo ADS, de distribuição de sólidos, das Smart Machines para o mercado da cana, a Grunner desenvolveu um equipamento com multifuncionalidades para lavouras de grãos, que faz correção, adubação e ainda é uma graneleira. O ADS Multi possui uma capacidade de carga de 29m³, ou seja, 30 toneladas, e consegue operar em regime de alta velocidade, otimizando tempo, contribuindo para uma maior produtividade e redução de custos. Além disso, possui uma balança com células de carga que permite a leitura em tempo real da quantidade grãos que estão sendo depositados e dos fertilizantes e corretivos aplicados.

“Procuramos sempre oferecer ao mercado um equipamento do campo para o campo. Por isso, o novo ADS Multi foi pensado para solucionar desafios das culturas de grãos. Ouvimos os produtores e estamos entregando alta capacidade de aplicação de corretivos, versatilidade nos manejos, otimização da logística, economia de combustível, equipamento de maior cavalagem visando altas velocidades e maior produtividade. Além de fazer a aplicação de três insumos – calcário, gesso e fertilizantes granulados – funciona como um tanque/carreta graneleira, que recebe o grão do graneleiro da colhedora e o transporta até o caminhão que segue para o armazém”, explica o CEO da Grunner.

O novo equipamento promove redução do consumo de combustível para a mesma operação, com uma velocidade três vezes superior à de um trator, tanto para o deslocamento vazio quanto o carregado. “Essa velocidade concede à máquina mais agilidade e o aumento de rendimento da colhedora de grãos porque ela continua colhendo o tempo todo, não tendo a necessidade de parar a máquina para descarregar”, detalha. “É possível fazer tudo isso obedecendo um controle de tráfego dentro da lavoura, o que reduz a compactação do solo, melhorando a sua saúde, seguindo os princípios da agricultura regenerativa”, pontua Arroyo.

A versatilidade do novo ADS Multi permite reduzir as frotas das propriedades agrícolas, proporciona redução de viagens para carregamento e descarregamento e uma maior eficiência para atender janelas de plantio e colheita.

“São atributos valiosos em um cenário cada vez mais pressionado pelos custos de produção, que espremem as margens da produção de grãos. Iremos comercializar este modelo a partir de 2025”, enfatiza Dênis Arroyo.

Além dos benefícios em eficiência e produtividade, o menor consumo de combustível do ADS Multi em relação à frota padrão reduz as emissões de gases de efeito estufa na operação e na cadeia de abastecimento, considerando−se que para cada litro de diesel queimado em combustão, ocorre a emissão de 2,6 kg de CO2.

“Hoje não existe no mercado para grãos um equipamento que tenha essa multifuncionalidade. Essa também é uma forma do agricultor ter o retorno do investimento feito na tecnologia de forma mais rápida, pois o equipamento segue trabalhando durante todo o período, tendo em vista que suas funções não coincidem e são intercaladas. A máquina não fica parada, o serviço segue e a lavoura ganha mais produtividade. E o trator que seria utilizado para esse fim, pode realizar outras tarefas”, salienta.

Além do equipamento para grãos, estão em testes Smart Machines Grunner para o setor florestal, de mineração e aeroportos, graças à georreferenciamento e direção autônoma. “Nascemos com o DNA de inovação e estamos apenas no começo”, garante o CEO da companhia.

Esta é a matéria de capa da edição 351 do JornalCana. Para ler, clique aqui.

Banner Evento Mobile