Depois de sucessivos recordes na cotação do barril do petróleo, os americanos começam a pensar em fontes alternativas de combustível. As três maiores montadoras dos EUA estão se mexendo: a Ford promete lançar cinco modelos híbridos (movidos a gasolina e eletricidade) em três anos, enquanto a General Motors e a DaimlerChrysler se uniram para desenvolver um motor que também mescle as duas fontes.
“A tecnologia ainda é cara, mas podemos desenvolvê-la”, disse Rick Wagoner, diretor-executivo da GM. Segundo ele, o governo e as indústrias precisam negociar pontos como a rede de abastecimento. “Não temos uma política consistente. Precisamos reduzir o custo real para comprar essa tecnologia”. Outro ponto polêmico é a bateria, que tem duração de aproximadamente cinco anos e ainda é muito cara.
O desafio é colocar nas ruas até 2010 um volume grande de modelos híbridos. Só assim o preço acessível ao grande público. Por isso mesmo as empresas se associaram -isso sem falar que o tempo é curto para desenvolver um produto tão complexo.
De qualquer forma, Wagoner tem uma boa inspiração: o Brasil, país onde foi presidente da empresa na década de 80. “A GM do Brasil tem mais produtos de combustível flexível do que qualquer outra montadora.” Isso tem ajudado a desenvolver produtos em outras partes -na Califórnia, uma linha de picapes já usa metanol misturado com gasolina.
Para o vice-presidente da filial, José Carlos Pinheiro Neto, o desafio é outro no mercado nacional. “O gás precisa perder o aspecto de ser combustível de taxista.” Única empresa a oferecer um veículo tricombustível (gasolina, álcool e gás), a GM vai lançar em 2005 outro Multipower.
Enquanto o motor feito com a GM não fica pronto, a DaimlerChrysler aposta no diesel -combustível muito popular na Europa, mas pouco aceito nos Estados Unidos. No Salão de Detroit, as empresas do grupo fazem campanha: “É (eco)lógico, dirija com diesel”, estampam os cartazes no Salão.
No próximo ano, o Mercedes-Benz C320 ganha um motor turbodiesel que roda, em média, 14,5 km/l, segundo a fábrica -marca comum em carros 1.0, não nos de luxo. “É um bom rival para os híbridos”, comentou Eckhard Cordes, chefe da divisão de automóveis da fábrica alemã.
Mas essa não parece ser uma ameaça para a Ford. A empresa anunciou que terá mais cinco opções com gasolina e eletricidade nos próximos três anos. Além disso, um Focus com célula de combustível começa a ser testado nas estradas no próximo mês.