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MOÇAMBIQUE COMEÇA A CONSTRUIR FÁBRICA DE BIOCOMBUSTÍVEIS

O presidente moçambicano, Armando Guebuza, participou nesta sexta-feira da cerimônia que marca o início da construção de uma fábrica de biocombustíveis a partir da cana-de-açúcar na província de Gaza, no sul do país.

O projeto é avaliado em 345 milhões de euros (R$ 893,58 milhões).

A fábrica de biocombustíveis no distrito de Massingir, denominada Procana, deverá ocupar uma área de 30 mil hectares. Sua construção deve começar já na primeira quinzena de janeiro e durar três anos.

As previsões do governo apontam para um faturamento na casa dos 28 milhões de euros (R$ 72,52 milhões) na fase de funcionamento pleno, o que terá impacto positivo nas receitas de Moçambique, por colaborar para o equilíbrio da balança de pagamentos.

O empreendimento deverá criar oportunidades de emprego a sete mil moçambicanos e servirá como pólo para atração de outros projetos, desenvolvendo, assim, a região de Massingir.

Além do Parque Transfronteirço do Limpopo, um dos principais pontos de atração turística no sul de Moçambique, e da barragem de Massingir, com um importante centro pesqueiro, não existia nenhum outro empreendimento importante capaz de criar postos de trabalho e dinamizar o desenvolvimento desta região do país africano.

A falta de investimentos tem motivado jovens a atravessar o Kruger Park à procura de empregos na vizinha África do Sul, ficando muitos no caminho, vítimas de animais selvagens.

O coordenador do projeto Procana, Paulo Machatine, destacou que, como trabalho de responsabilidade social do empreendimento, é prevista a construção de fontes de abastecimento de água potável para o distrito de Massingir e a instalação de alguns projetos nas áreas da educação e da saúde.

Este ano, o governo de Moçambique assinou um contrato de 360 milhões de euros para o cultivo de plantas para uso energético, que poderá lhe assegurar a autonomia energética e promover sua exportação com a Companhia de Indústria Mineira e Exploração da África Central, com sede em Londres.

No contrato, o governo moçambicano se comprometeu a produzir 120 milhões de litros de etanol e fertilizantes por ano e a cultivar plantas de uso energético, como eucalipto, mandioca, pinhão-manso e cana-de-açúcar, para mais tarde poder exportar biocombustível para o mercado internacional.

Atualmente, Moçambique consome cerca de 590 mil toneladas de óleo diesel por ano.

Uma vez atingida a sua independência energética, o país estará perfeitamente apto a produzir combustível destinado à exportação.

Moçambique usa para o cultivo de plantas energéticas 63,5 milhões de hectares, o que equivale a 6,6% de suas terras aráveis.

Esta semana, a empresa portuguesa Galp Energia assinou um acordo que visa a produção de óleo vegetal e de biocombustíveis em Moçambique, na província de Sofala. O projeto prevê o desenvolvimento de atividades agrícolas e conexas, como a transformação de sementes em óleos vegetais que serão exportados – na sua maioria para Portugal -, para posterior processamento em refinarias da companhia lusa.

O material resultante, explica a Galp Energia, será incorporado no combustível rodoviário, como biodiesel de segunda geração.

O projeto envolve uma área total de produção controlada de 25 mil hectares e a promoção de mais 25 mil em regime de extensão rural.