O consultor da União da Agroindústria Canavieira Paulista (Unica) Antonio de Padua Rodrigues, afirmou hoje que “somente um nível de mistura muito acima do normal (25%) do álcool anidro à gasolina comum” pode explicar o aumento produção de anidro – cerca de 30% superior nesta safra sobre a de 2002/2003 – enquanto o consumo de gasolina cai entre 5% e 7% no mesmo período.
Segundo ele, as usinas não podem ser culpadas pelo aumento nas vendas do anidro e por irregularidades na adição à gasolina, porque a mistura dos combustíveis é feita nas distribuidoras. “Enquanto a gasolina custa R$ 2 o litro, o álcool é comprado nas usinas a R$ 0,60”, disse.
Para o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, os dados apontados pela Unica são “gravíssimos e demonstram claramente que há um desvio no uso do produto”.
De acordo com ele, existem dois tipos de irregularidades na utilização do anidro por parte de “distribuidoras inescrupulosas”. Além do uso de mais anidro do que o permitido na gasolina, existe o “álcool molhado”, que consiste na compra do álcool anidro pelas distribuidoras e na transformação dele em hidratado com a adição de água. Com isso, as distribuidoras sonegam o ICMS, já que o anidro é isento do imposto e o hidratado é taxado em 25%, no caso do Estado de São Paulo.