A decisão da Índia de aumentar a mistura de etanol na gasolina para 20% até 2026 cria novas oportunidades para o Brasil, maior produtor mundial de açúcar e etanol.
A medida reduz a oferta de açúcar indiana, redirecionando a produção de cana para etanol, o que eleva a demanda global por açúcar brasileiro. Além disso, a insuficiente produção doméstica de etanol na Índia abre caminho para a exportação do produto brasileiro.
Representantes da Usina Rio Verde (GO) e da SCA Brasil destacaram os desafios do setor agrícola indiano, marcado por baixa tecnologia e pequenas propriedades.
Enquanto as usinas indianas apresentam inovações como o uso de biogás e adubos derivados de fermento, a agricultura está distante da eficiência brasileira, criando espaço para trocas de conhecimento e tecnologia.
A Índia, que recentemente permitiu a produção de etanol a partir do caldo de cana, enfrenta dificuldades para atender à meta de mistura devido à falta de terras agricultáveis e infraestrutura limitada.
Aumento das exportações
O compromisso do governo indiano reforça a perspectiva de aumento das exportações brasileiras de etanol no curto prazo, até que o país consiga desenvolver sua capacidade produtiva.
O aumento da demanda por açúcar no mercado global, impulsionado em parte pela urbanização e crescimento populacional na Índia, deve consolidar a liderança brasileira no setor.
Especialistas apontam que a redução da produção indiana de açúcar devido à priorização do etanol fortalece ainda mais a posição do Brasil como principal exportador.
O comércio bilateral entre Brasil e Índia é significativo, alcançando US$ 15,2 bilhões em 2022. Produtos como açúcar, óleos vegetais e melaços lideram as exportações brasileiras para a Índia, reforçando os laços econômicos.
Apesar da dependência indiana do carvão, o aumento da mistura de etanol reflete um esforço em direção à sustentabilidade e cria oportunidades para parcerias estratégicas com o Brasil.