Mercado

Mistura de corante ao álcool anidro já reduz fraudes

Um mês depois do início da exigência da mistura de corante laranja ao álcool anidro, o mercado de álcool começa a reagir à pirataria.

Uma das principais fraudes era a compra de álcool anidro diretamente nas distribuidoras (com carga tributária menor que o hidratado, usado para abastecer carros) com o acréscimo de água para que ele fosse vendido diretamente nas bombas.

Dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), ainda não consolidados, deverão mostrar aumento de até 30% nas vendas de álcool hidratado em janeiro, no confronto com o mesmo mês de 2004.

Para o vice-presidente do sindicado, Alísio Vaz, o aumento das vendas de álcool hidratado pode indicar que a venda do chamado “álcool molhado” (misturado com água) está caindo.

– A princípio, achamos que a adição de corante ao álcool reduziu as fraudes. O problema é que ainda existia muito álcool anidro estocado no mercado, sem corante. E este volume deve ser desovado principalmente no mercado de São Paulo – disse.

A estimativa do sindicado é que cerca de 80 milhões de litros de anidro foram comprados para fazer estoque antes da mistura com o corante. Com este montante, disse, é possível fazer 86 milhões de litros de álcool hidratado. O consumo mensal de álcool hidratado no Brasil é de 400 milhões de litros, mas o Sindicom espera que o produto irregular será despejado aos poucos no mercado.

– Certamente a fraude com álcool molhado vai ter uma redução bastante expressiva. Só não estamos soltando foguetes por causa deste estoque. E também existem outras fraudes, como sonegação de PIS e Cofins da distirbuidora, que corresponde a R$ 0,14 no álcool hidratado. De qualquer forma, fechou-se uma porta que era a principal, na nossa avaliação – avaliou Vaz.

A Shell apresentou um crescimento de 48,4% em suas vendas de álcool hidratado em janeiro, na comparação com 2004. Mas a empresa lembra que o número já vinha crescendo acima de 50% nos meses anteriores e que não é possível ainda isolar o efeito da adição de corante ao anidro. No entanto, a Shell reconhece que a medida colabora para a alta do percentual.

Entre outros fatores para o aumento da venda citados pela companhia estão o maior número de carros bicombustíveis no mercado e medidas de fiscalização, como fechamento de postos que vendiam combustível alterado, uso de recibos eletrônicos em alguns postos, etc.

O gerente de Planejamento da Ipiranga, Flavio Dantas, também diz que as vendas de álcool hidratado já vinham aumentando. Mas a percepção, diz ele, é de que a adição de corante está sendo eficaz.

– Com certeza o corante começa a apertar o espaço que esses concorrentes que trabalham com outras armas tinham. Sabemos que o mercado de adulteração é criativo, mas temos ouvido que esta foi uma boa medida – explicou.