Mercado

Mistura de álcool na gasolina deve cair a 20%

Governo e setor privado chegaram a um acordo para reduzir de 25% para 20% a mistura de álcool anidro na gasolina. A medida deverá entrar em vigor no dia 1º de fevereiro e garantir o abastecimento interno do combustível no curto prazo, mas exigirá contrapartidas dos usineiros.

As principais são a antecipação do início da safra de álcool – de maio para fins de março ou começo de abril – e o compromisso de aumentar a produção de 2003/04 em 1,5 bilhão de litros na região Centro-Sul – a safra anterior chegou a 11,1 bilhões.

A redução do percentual de álcool na mistura poderá elevar entre 1% e 2% o preço final da gasolina, segundo estimativa do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. O efeito será atenuado pela queda do dólar, alegou.

De acordo com ele, o assunto será levado aos ministérios que integram o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) – Fazenda, Desenvolvimento e Minas e Energia. Ele rejeitou, entretanto, a hipótese de veto da equipe econômica ao entendimento fechado ontem. “A idéia do presidente Lula é que tudo seja feito em consenso. Espero que isso também tenha consenso.”

A intenção de Rodrigues é que a mudança seja feita por meio de uma portaria do ministério, a ser editada provavelmente no dia 1º, com duração de três meses. A redução na mistura provocará uma economia estimada em 250 milhões de litros de álcool anidro. Já a antecipação da safra jogará no mercado uma produção adicional de cerca de 600 milhões de litros até o fim de abril, afirmou.

Conforme explicou o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Carvalho, a falta de álcool é conseqüência de previsões equivocadas do setor. Os usineiros acreditavam no sucateamento de cerca de 10% da frota atual de carros a álcool, que é de três milhões de veículos.

“Supúnhamos um decréscimo de 600 milhões de litros de álcool hidratada. O problema é que, quando terminou a safra, observamos que a demanda se manteve no mesmo nível do ano passado.”

Com o direcionamento da próxima safra do Centro-Sul para o álcool, é provável que haja diminuição da produção de açúcar. Carvalho disse que, “no limite”, a produção pode encolher três milhões de toneladas.

A antecipação da safra, porém, deve comprometer a produtividade da cana. “A concentração da sacarose é maior entre junho e é setembro”, diz o empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, do Grupo J. Pessoa. Para Carvalho, esse é o risco que o setor corre, mas foi o compromisso firmado para garantir o abastecimento. (Valor Econômico)

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