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Missão tenta vender álcool...

Comitiva também vai buscar parcerias para a produção do combustível na própria região. “Com a evolução dos acordos comerciais da região com os EUA, há interesse em colocar empresas ou joint-ventures na região para aproveitar a proximidade com a América do Norte”, disse Furlan. Segundo o ministro, a região poderia ser usada para “agregar valor localmente” aos produtos que têm como destino os Estados Unidos.

A comitiva brasileira visitará, entre 28 de maio e 3 de junho, cinco países da América Central – Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Panamá. Há um grande desejo de empresas e governos de alguns países da América Central em aprofundar os conhecimentos na área de biocombustíveis, uma vez que essas nações são dependentes da importação de petróleo e têm condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da atividade”, disse Furlan.

Segundo o ministro do Desenvolvimento, a intenção da missão empresarial também é disponibilizar a tecnologia brasileira aos países da América Central, para que eles também produzam o combustível para exportação. “O Brasil não pretende ser um protagonista único nesse segmento. Nossa percepção é que, quanto maior o número de países que aderirem ao álcool, melhor será a condição de todos no mercado mundial”, explica Furlan.

Atualmente, o Brasil exporta cerca de US$ 25 bilhões anuais aos Estados Unidos. Já para toda a América Central, os embarques somam US$ 2 bilhões anuais. Na avaliação de Furlan, há espaço para que as vendas para os países da região cresçam de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão, sendo que parte desse aumento pode ser destinado posteriormente aos EUA, na chamada reexportação.

Durante o processo de preparação da viagem, o ministério do Desenvolvimento recebeu diversas consultas dos países que serão visitados sobre questões como o programa do álcool combustível e a tecnologia flex-fuel (álcool e gasolina). Furlan disse que os países têm muito interesse na solução brasileira, já que a região sofre com a dependência dos combustíveis fósseis e estuda alternativas renováveis.

Inauguração de usina

Parte desse interesse centro-americano no combustível renovável vai ser materializado durante a viagem, quando a comitiva participa da inauguração de uma usina de etanol construída em sociedade entre empresários brasileiros e salvadorenhos. “O investimento foi decidido há dois anos. Isso mostra que há grandes oportunidades”, disse Furlan. O ministro lembrou ainda que empresários do ramo de máquinas e equipamentos também farão parte da comissão, pois há chance de negócios no fornecimento de turbinas para centrais hidrelétricas.

A viagem que começa no domingo terá sua primeira parada é no Panamá, onde as principais grandes empreiteiras brasileiras – como a Andrade Gutierrez, Alusa, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Norberto Odebrecht – vão conversar com autoridades panamenhas sobre o projeto de ampliação do Canal do Panamá. Além do setor energético e das grandes construtoras, há perspectivas em diversos outros ramos, como indústria têxtil, calçados e até o setor financeiro.

Em abril, em entrevista a este jornal, o embaixador do Brasil em Washington, Roberto Abdenur, disse que estava conversando com representantes do governo e congressistas dos Estados Unidos e da Califórnia para divulgar o conhecimento e a capacidade de fornecimento brasileiro no segmento de etanol. Segundo o embaixador, um dos pontos é tentar convencer os EUA a reduzir a tarifa para entrada do etanol do Brasil.

Na mesma ocasião, o secretário assistente do departamento de Estado dos EUA para assuntos econômicos e de negócios, Anthony Wayne, disse a este jornal que os EUA pretendem dobrar o uso de etanol até 2012. Hoje o consumo de etanol nos EUA é de 3,56 bilhões de galões/ano, equivalente a 2% do combustível usado pelos carros. O resto é basicamente gasolina. O embaixador Abdenur avalia que dificilmente eles conseguirão aumentar a produção tão rapidamente para terem autosuficiência. Brasil e EUA juntos respondem por 70% do etanol produzido no mundo, diz o embaixador.