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Missão Técnica da FAMATO visita indústria de etanol em Nebraska, nos EUA

Em continuidade à visita aos Estados Unidos, a Missão Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (FAMATO) conheceu a indústria Husker AG, que produz etanol à base de milho na cidade de Plainville, em Nebraska. Foi uma experiência muito interessante, tanto aos participantes como para os funcionários da usina. Segundo o gerente, Seth Harder, foi a primeira vez que a indústria recebeu um grupo tão grande de brasileiros.

Construída em 2003, a usina processa, atualmente, 1,95 mil toneladas de milho por dia e tem capacidade de fabricar 815 metros cúbicos de álcool diariamente.

Para o vice-presidente da FAMATO, Normando Corral, o sistema de produção de etanol de milho é da indústria interessante. “É possível fazer isso no Brasil e em Mato Grosso, principalmente, porque temos uma grande oferta de milho. O etanol de milho não é melhor do que o de cana-de-açúcar, mas é uma opção a mais. Se fizéssemos a usina de cana junto com a de milho poderíamos utilizar o bagaço da cana para gerar energia elétrica na usina de etanol de milho. Acredito que um dia podemos vir a ter essa parceria, mas dependerá de for economicamente viável ou não”, opinou Corral.

A empresa emprega 50 funcionários em dois turnos. Não é uma cooperativa, mas sim uma LTDA com 668 sócios (75% são produtores). Para a construção da indústria foram investidos US$ 55 milhões (aproximadamente R$ 115 milhões), valor que surpreendeu os participantes da Missão Técnica. No Brasil, para implantar uma usina de cana-de-açúcar com a mesma capacidade de produção, por exemplo, seria necessário investir no mínimo R$ 300 milhões. “Hoje o negócio deles está bem mais rentável do que o nosso. Além disso, o investimento total deles está baixo em relação ao nosso. Para a produção de etanol não há subsídios e, mesmo com a alta do preço do milho este ano, eles estão sobrevivendo no mercado”, observou Wallace. O milho está custando US$ 8 o bushel, ou seja, R$ 39,00 a saca. Na usina 1 tonelada de milho produz 416 litros de álcool.

Quando a indústria foi planejada, a expectativa era ter lucro de US$ 0,10 por galão, ou seja, R$ 0,05 por litro. Segundo Harder, nos dois últimos anos, o lucro chegou a US$ 0,25 por galão (R$ 0,14/litro). Neste ano, por conta da seca, os ganhos da usina não alcançaram US$ 0,01/galão e, em alguns casos, até negativo. “Neste ano, devemos produzir cerca de 20% a menos de etanol do que o normal”, afirmou o gerente.

Todos os anos são produzidos 450 mil toneladas de subprodutos do etanol para alimentar o gado de leite e de corte. Trata-se do MDG, sigla que em português significa milho destilado modificado. O MDG é um resíduo do processo de produção do etanol feito à base de milho. A diferença dele para o DDG (grão seco destilado) é a umidade. O primeiro tem 54% de umidade e o segundo 10%. Outro diferencial é a durabilidade. O prazo de validade do MDG é 14 dias e o DDG pode durar anos. De acordo com o gerente, como o produto é comercializado em confinamentos da região, é preferível o MDG por que não há necessidade de o produto passar pelo procedimento de secagem, como o DDG. O teor de proteína bruta tanto do MDG quanto do DDG é de 32%. A tonelada do MDG custa US$ 135,00 e do DDG sai a US$ 190,00.

A indústria foi construída estrategicamente próxima à ferrovia. Harder explicou que se precisasse construir este modal, a empresa teria que investir US$ 1,5 milhão para fazer uma milha de ferrovia, ou seja, aproximadamente R$ 2 milhões por km. Do total de etanol produzido na usina, 80% vai para a Califórnia pelo trem e o restante é consumido na região. O milho utilizado no processamento é plantado num raio de distância de 160 km – muito próximo da indústria. Os silos da usina têm capacidade de armazenar 25 mil toneladas de grãos. Com relação aos tanques para o armazenamento do etanol, a capacidade é de 9,5 mil metros cúbicos.

A energia elétrica utilizada na usina é oriunda de outras empresas fornecedoras de energia e gás natural. Para transformar o milho em etanol são necessárias 65 horas. Somente no processo de fermentação são utilizadas 60 horas, as outras cinco horas são aproveitadas nas etapas de moagem, trituração, descarga.

Enquanto no Brasil são processados 6,5 mil litros de álcool por hectare à base de cana-de-açúcar, nos EUA são fabricados 3,85 mil litros de etanol de milho. Os números mostram que nossa produção é maior, mas ainda perdemos em logística e infraestrutura para nos tornarmos mais competitivos neste setor. (Asessoria de Comunicação do Sistema FAMATO)

CNA