O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, descartou ontem qualquer possibilidade de um novo aumento de preço dos combustíveis ainda este ano. Não contem com reajuste até o próximo ano, afirmou ele, em café da manhã com jornalistas.
A Petrobrás anunciou, na última sexta-feira, um reajuste de 10% no preço da gasolina e de 12% no do óleo diesel, dez meses depois de promover o último aumento. Na minha avaliação, o reajuste foi suficiente para tranqüilizar contra qualquer surpresa, afirmou Rondeau, esclarecendo que a Petrobrás promove reajustes sempre que o preço do petróleo no mercado internacional se estabiliza em determinado nível.
Pela política de preços da estatal, os reajustes ocorrem cada vez que o preço do barril do petróleo no mercado internacional deixa de oscilar bruscamente e se estabiliza em um nível diferente do que vigorava anteriormente. O preço do barril do petróleo oscilou nos últimos dias entre US$ 60 e US$ 70.
Foi uma decisão absolutamente técnica, disse o ministro, que se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última sexta-feira para tratar do reajuste. Ele afirmou, no entanto, que não houve nenhum pedido de Lula para a Petrobrás segurar os preços dos combustíveis.
Silas Rondeau disse que a Petrobrás está em situação confortável porque é uma empresa verticalizada, que atua nos diversos segmentos da cadeia dos combustíveis, da produção até a venda ao consumidor final.
O ministro avalia também que o reajuste resolve a situação das refinarias menores, como a Ipiranga, que passa a ter seus preços mais competitivos com os da Petrobrás. É que essas empresas importam o petróleo pela cotação internacional, e, portanto, têm menos condições que a Petrobrás – que refina o petróleo, na maior parte produzido por ela própria – de não repassar os preços internacionais a seus produtos.
Citando o caso da refinaria de Manguinhos, de propriedade da Repsol, Rondeau disse que se trata de uma questão de gestão e de investimentos na empresa.
Manguinhos havia começado a demitir funcionários sob a alegação de falta de competitividade com os preços dos combustíveis.
O ministro disse, ainda, que o reajuste de 10% aplicado pela Petrobrás fez refluir uma tendência do mercado, que apontava para reajustes de 20% a 30%.
O repasse do aumento para os preços na bomba deverá ficar em torno 10%, segundo previsão de sindicatos do setor.