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Minas Gerais tem mais de 1.100 hectares de culturas transgênicas

Uma pequena parte da lavoura de milho plantada em Passos (MG) é de semente transgênica. Na zona rural do município e em outras 12 cidades mineiras existem campos de teste de companhias e instituições que desenvolvem produtos de biotecnologia em plantações transgênicas também de algodão, soja e eucalipto. Aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), estas plantações geram polêmica. Para os ambientalistas do Greenpeace, há risco de os genes das plantas modificadas se espalharem pela natureza de forma descontrolada. Cientistas e a própria CTNBio reconhecem que o risco existe, mas minimizam o seu provável impacto sobre o meio ambiente.

A área plantada com transgênicos em Minas Gerais é irrisória. São cerca de 21,6 hectares de algodão, plantados em Uberlândia, Capinópolis, Ituiutaba e Iraí de Minas; 65,24 hectares ocupados por milho em Passos, Uberlândia, Uberaba, Capinópolis, Ituiutaba, Iraí de Minas, Conquista, Cachoeira Dourada, Indianópolis, Alfenas e Unaí; 0,82 hectare de soja em Uberlândia e Monte Alegre de Minas; e 1.058 hectares de eucalipto em Coimbra.

Mas apesar de a extensão ocupada pelos transgênicos de pesquisa no estado ser pequena, a coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace no Brasil, Mariana Paoli, alerta para o risco de contaminação do meio ambiente pelos organismos geneticamente modificados (OGMs). “Achamos que não houve prevenção adequada para evitar contaminação”, argumenta. “O milho se reproduz por polinização cruzada. E um pólen de milho pode viajar até 15 quilômetros.”

Vasco Ariston de Carvalho Azevedo, membro do conselho da CTNBio pela Sociedade Brasileira de Genética (SBG) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirma que a liberação no meio ambiente de OGMs que se reproduzem por polinização pode gerar desastres. Ele cita como exemplo o caso do arroz transgênico, que pode transferir genes de resistência a venenos ou insetos para o arroz vermelho, que é uma praga da rizicultura. Entretanto, ele defende as autorizações concedidas pela CTNBio para o plantio de campos de testes, também chamados pelo nome técnico de liberações planejadas. “Nada é liberado sem um estudo caso a caso”, garante. A CTNBio acrescenta, em documento publicado na Internet, que os riscos de cruzamento existentes só são relevantes se o impacto entre os receptores for significativo.

“Resistências a doenças ou pestes foram longamente usadas em melhoramentos vegetais de cultivos tradicionais ou selecionados por meio de mutações, e não há caso conhecido de problemas ecológicos resultantes de espalhamento de tais genes”, afirma o órgão. Conforme a CTNBio, os produtos cultivados nos campos de testes de Minas Gerais e do Brasil não se destinam à comercialização ou consumo, mas apenas para a pesquisa científica. As eventuais colheitas obtidas destas plantas, destaca, devem ser armazenadas ou destruídas, conforme os objetivos do projeto.

No país, estão em estudo 10 variedades de produtos modificados em uma área de 2,7 mil hectares. Em todo o país, a CTNBio registra 2,7 mil hectares plantados com variedades transgênicas de teste autorizado de algodão, arroz, batata, cana-de-açúcar, eucalipto, feijão, fumo, mamão, milho e soja. Neste número não entra a soja transgênica plantada ilegalmente por produtores do Rio Grande do Sul. No páreo pelo domínio da biotecnologia, aparecem empresas multinacionais e instituições de pesquisa científica nacionais.

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