O governo deve reduzir o seu próprio consumo de gasolina e aumentar o de bioenergéticos para dar o exemplo ao país, disse o presidente Bush durante almoço ontem, em uma instalação de pesquisas de combustíveis alternativos em Wilmington, no Estado do Delaware, em que deu mais detalhes do plano energético anunciado na terça.
“Não sei se vocês sabem, mas estamos consumindo hoje 18,9 bilhões de litros de etanol, um aumento de 300% em cinco anos”, disse o presidente. Na terça, ele defendeu que os EUA reduzam seu consumo de gasolina em 20% em dez anos, e que a diferença seja complementada principalmente por um aumento no uso de etanol.
A medida encontrou grande recepção na bancada ruralista, especialmente entre os produtores de milho -nos EUA, o maior produtor do combustível do mundo, o etanol vem principalmente do milho, diferentemente de no Brasil, o segundo maior, onde é a partir da cana.
O problema é que há um limite para o uso do milho para a fabricação do combustível, disse Bush. “Temos criadores de frango e suínos que precisam do milho para alimentar seus animais”. Por conta do aumento de demanda, o preço do milho explodiu nos últimos meses nos EUA, puxando o do frango.
Os agricultores crêem que conseguirão produzir 56 bilhões de litros de etanol em 2015, ou quase um terço do que Bush disse esperar para 2017. “Ninguém crê que seja possível atingir esse tipo de volume em dez anos só com milho”, disse Bob Dinneen, da Associação de Combustíveis Renováveis.
Ontem, Bush disse que pretende diversificar as fontes do combustível -para o etanol celulósico, que utiliza restos orgânicos variados, como palha, sobras de madeira e resíduos agrícolas. O secretário da Agricultura, Mike Johanns, já anunciou proposta de investimento de US$ 1,6 bilhão na produção de energia renovável.
Outros pontos do plano de Bush foram analisados por especialistas do setor. A redução de 20% no consumo de gasolina foi considerada modesta no quesito da redução de gás carbônico -os principais emissores desse tipo de poluição são as fábricas, não citadas por Bush.
“Não é nem perto do que precisamos para reduzir as emissões entre 60% e 80% dos níveis atuais, que é o que realmente desejamos”, disse Eileen Claussen, do Pew Center on Global Climate Change.
Ontem, Bush disse que ao, aliar interesses estratégicos (diminuir a dependência de petróleo estrangeiro) a soluções tecnológicas, o país poderia ter ganhos ambientais. (SD)