Mercado

Michelin investe em nova área

A francesa Michelin tem planos de ampliar, até o fim de 2008, a participação da empresa, no Brasil, no segmento de pneus de carga especial. Para atingir sua meta, a companhia lançou este mês linha de pneus agrícolas de uso misto, para diferentes tipos de terreno. A estratégia comercial dos novos pneus focou-se, em um primeiro momento, no transporte de cana-de-açúcar e seus derivados. Mas o objetivo seguinte é atender também carga viva, minério de ferro, madeira e cimento.

Nour Bouhassoun, diretor comercial de pneus de carga da Michelin para América do Sul e Caribe, diz que a meta é fazer com que a nova gama de pneus alcance 40% de participação de mercado em dois anos. Hoje esta parcela é inferior a 30%. “O objetivo é crescer mais de dez pontos percentuais até o fim do ano que vem”, diz Bouhassoun. Ele afirmou que a nova linha, chamada de X Force, está sendo lançada primeiro no Brasil para depois ser apresentada a outros mercados.

A escolha se justifica pelo tamanho do mercado brasileiro. O segmento de reposição para pneus de carga no Brasil é estimado em 4,3 milhões de unidades por ano. Deste total, cerca de 13% (ou quase 560 mil pneus por ano) correspondem aos pneus de carga especial, segmento no qual o X Force entra para concorrer. “O Brasil é o terceiro maior mercado mundial para pneus de carga atrás da China e dos Estados Unidos”, diz Bouhassoun.

A estratégia da Michelin também se apóia na expansão da lavoura canavieira no país e no desenvolvimento da tecnologia dos carros flex fuel, que aumentam a demanda por álcool combustível. Segundo o executivo, a nova linha de pneus permite o transporte da cana-de-açúcar da lavoura até a usina. E, em uma segunda etapa, o carregamento de açúcar e álcool em caminhões rodoviários da usina até o porto ou os mercados consumidores.

“Desenvolvemos uma gama de produtos que vai nos permitir crescer no segmento de cana-de-açúcar”, diz Bouhassoun. A nova linha de pneus, para uso em caminhões e ônibus, permite alternar a rodagem entre rodovias asfaltadas e estradas de terra, com buracos e pedras.

Os novos pneus, apresentados na feira de maquinário agrícola Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), são produzidos na unidade da Michelin em Campo Grande, zona oeste do Rio. A fábrica, que em 2007 deve produzir cerca de 1,45 milhão de unidades, passa por projeto de ampliação que a levará para 1,6 milhão de pneus radiais em 2008. Em uma segunda etapa o objetivo é produzir 2,3 milhões de pneus/ano na unidade, uma das duas fábricas de pneus de carga da multinacional francesa na América do Sul. A outra fica em Bogotá, na Colômbia, que também deve lançar a linha X Force em 2007.

Da produção atual da fábrica carioca, cerca de 15% correspondem ao X Force. O investimento total na ampliação fabril está previsto em cerca de US$ 200 milhões. Bouhassoun disse que a idéia é fornecer a curto prazo pneus de carga especial para outros setores, como mineração e carga viva (avicultura, por exemplo). Um dos modelos da nova família, o 11.00 R 22, está sendo vendido ao preço médio de R$ 1,1 mil por unidade às usinas de açúcar e álcool.

Bouhassoun não revelou o investimento para desenvolver o X Force, mas afirmou que hoje não é um bom negócio investir no Brasil para exportar para fora da América do Sul. O aumento de custos (câmbio apreciado mais carga tributária) e o crescimento da demanda por pneus de carga nos países sul-americanos levaram a Michelin a frear as exportações para fora da região.

Em 2007, o mercado de reposição para pneus de carga deve crescer entre 4% e 5% no Brasil. A venda destes pneus para as montadoras de caminhões e ônibus deve se expandir 8% em relação a 2006.