O governo do México vai lançar uma proposta, em setembro, para produção de 176 milhões de litros de etanol por ano para consumo no país. Trata-se de uma iniciativa que compõe um projeto para diminuir a poluição e diversificar a matriz energética, segundo informações divulgadas pelo jornal Herald Tribune, edição para a América Latina.
De acordo com a secretária de energia do México, Georgina Kessel, a estatal Pemex (Petroleos Mexicanos) vai iniciar a rodada de licitações para a proposta, cujo término está previsto para dezembro de 2009. O projeto vai ajudar a reduzir a quantidade de gases poluentes enviados à atmosfera e garantir o desenvolvimento da indústria alimentícia mexicana, afirmou Kessel.
Para Eduardo Leão de Sousa, diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), é um grande avanço daquele país consolidar e ampliar o mercado global, como resposta às preocupações ambientais e ligadas a mudanças do clima. O interesse do México em avançar na produção e consumo do etanol de cana, além de promover a diversificação de sua matriz energética, mostra que cada vez mais países que podem produzir etanol estão cientes de seus benefícios ambientais, sociais e econômicos.
No início de agosto o presidente do México, Felipe Calderón, se reuniu com o presidente da Unica, Marcos Jank, e solicitou que a entidade coordenasse uma missão ao seu país com o objetivo de avaliar formas de cooperação para intensificar a produção mexicana de etanol.
O projeto mexicano ocorrerá inicialmente no oeste do estado de Jalisco, com 65 mil hectares de cana utilizadas como matéria-prima para o etanol. O governo do México procura estabelecer até 2011 um programa de adoção da mistura de 2% de etanol à gasolina (E2) na província de Guadalajara.
Esta ação está sendo desenvolvida depois de um teste bem-sucedido realizado em julho deste ano, em Monterrey, centro industrial do norte do México. Naquela localidade, 151.600 litros de etanol de cana foram adicionados à gasolina em postos de abastecimento e um total de 2,23 milhões de litros da mistura foi vendida aos consumidores.
O secretário de finanças do México, Agustin Carstens, afirmou que a produção de biocombustíveis no país não é uma ameaça ao ecossistema ou à segurança alimentar, como alertaram recentemente algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs) preocupadas com o consumo do milho, que tem grande importância na alimentação mexicana. No México há uma área de agricultura apropriada para a produção de matérias-primas para a produção de etanol, especialmente cana, sorgo doce e beterraba, sem risco para a segurança alimentar do país ou para florestas e ecossistemas naturais.
Outras rodadas de licitações serão anunciadas até o final do ano para Monterrey e Cidade do México, afirmou Carstens. Ele acrescentou ainda que 126 milhões de litros de etanol por ano serão necessários para dar suporte a essas iniciativas.