Representantes do Mercosul e do Peru, Equador, Colômbia e Venezuela assinaram ontem, em Montevidéu, os documentos para protocolização dos acordos de livre comércio entre o bloco e esses países – um com os peruanos e outro com as demais economias – na Associação Latino Americana de Integração (Aladi). Os acordos, negociados há anos, devem agora entrar em vigor, formando uma área de livre comércio na América do Sul com cerca de 350 milhões de pessoas. E darão a base do desenvolvimento institucional de uma Comunidade Sul-Americana, a maior prioridade de política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, disse o chanceler Celso Amorim.
Os quatro parceiros comerciais do Mercosul formam a Comunidade Andina (CAN), que inclui ainda a Bolívia, já sócia do Mercosul. Outro sócio sul-americano é o Chile. Segundo Amorim, há arranjos comerciais com a Guiana e Suriname – este último tem interesse em ampliar esses arranjos.
A discussão dos acordos foi retomada com mais ênfase em 2003. Depois de praticamente fechados, ficaram pendentes por meses devido a algumas questões. No acordo com o Peru, houve um problema com o Uruguai sobre as listas de bens com desgravação tarifária. Com os outros países, uma das diferenças foi entre o Paraguai, Equador, Colômbia e Venezuela sobre a liberalização da soja. Agricultores peruanos protestaram ontem contra o acordo, segundo a agência Reuters, alegando que afetaria o setor mais debilitado do país. Disseram que as culturas a serem atingidas incluem as de arroz, trigo, cana-de-açúcar, algodão, café, laticínios, carnes, azeites, lã e fibras, couros e azeitonas. O governo peruano discorda.
A protocolização ocorreu durante a reunião ministerial da Aladi, em um dos temas era a integração de seus doze membros, que incluem México e Cuba. “Há uma complementaridade entre esse passo que damos na integração sul-americana e o objetivo maior da integração latino-americana e caribenha.”
Segundo ele, o objetivo político levou aos acordos. E disse que deu-se tratamento especial às economias menos desenvolvidas e setores sensíveis. Também mandou um recado, ao dizer que o tratamento pode ser usado pelos que negociam com outros de fora da América do Sul. Peru, Colômbia e Equador, por exemplo, negociam com Washington.
O chanceler uruguaio Didier Opertti foi eleito secretário-geral da Aladi.