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Mercado pede mão-de-obra qualificada no interior paulista

A mão-de-obra especializada por uma universidade credenciada nunca foi tão requisitada no mercado de trabalho. Em algumas áreas como agronegócio, engenharia civil e tecnologia de informação faltam pessoas com formação qualificada e sobram oportunidades.

De acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 90 mil vagas formais não foram preenchidas no ano passado por falta de pessoas capacitadas.

Diretor-sócio da Ray & Berndtson, uma das cinco maiores empresas de consultoria e capital humano do mundo, Luiz Wever relaciona esse fenômeno ao ótimo momento da economia brasileira. “O país aquecido aumenta o poder de consumo da população e aquece o mercado. Isso reflete em setores como o imobiliário, bens de consumo e varejo”, disse ao BOM DIA.

No interior de São Paulo, Wever considera o agronegócio uma das principais áreas com potencial de crescimento e que carece de trabalhadores.

Ele acredita que os setores de cana-de-açúcar e frutas são os responsáveis por boa parte do crescimento da economia na região. “São 140 usinas de álcool que existem ou estão em construção. O crescimento é tamanho que, nessa área, falta demanda de mão-de-obra.”

Outra área em alta é da construção. Não faltam oportunidades para o engenheiro civil. Porém, de acordo com Wever, o crescimento repentino do setor faz com que muito recém-formado assuma posições em empresas mesmo sem estar capacitado. “Por causa da crise nos anos 1980 e 1990 na engenharia, pouca gente procurou o curso. Agora, existe uma lacuna nas empresas. Há muitos profissionais sêniors e juniores.”

Mais do que cursos de especialização, Wever acha que a solução para este problema está na união entre os mais experientes e os mais jovens. “Em vez de a empresa patrocinar apenas cursos de qualificação e deixar os juniores em cargos isolados, poderia colocá-los para trabalhar junto com os mais velhos. Assim, os mais jovens aprenderiam na prática e ainda iriam adquirir facilmente os hábitos da empresa.”

Os números comprovam as informações de Wever. De acordo com estudo patrocinado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e que ouviu 1.714 empresas em 22 Estados, no último trimestre do ano passado, 53% das empresas enfrentam problemas com a falta de qualificação dos profissionais.

“E a capacitação é a estratégia mais utilizada na obtenção de mão-de-obra especializada. Mais de 80% das empresas industriais investem em programas desse tipo”, disse Renato da Fonseca, gerente-executivo da unidade de pesquisa, avaliação e desenvolvimento da CNI.

Fidelização

Como falta mão-de-obra qualificada, diversas empresas oferecem benefícios, além dos salários, para evitar perda para a concorrência. “Estamos com uma taxa de desemprego baixíssima, que gira em torno de 7%.

Poucas vezes na história o país esteve com um índice desses. Com os profissionais qualificados no mercado, é preciso criar maneiras para não perdê-los para a concorrência. Assim, além dos cursos, as empresas oferecem bônus como 14° salários. Compartilham parte do lucro com o funcionário.”

Outro atrativo é o plano de carreira. A empresa faz avaliações do profissional periodicamente. E, caso seja constatado que o empregado tem condições de subir de posto, a promoção é dada. (João Prata)