Analistas de mercado consultados pelo Banco Central reduziram, pela oitava semana seguida, suas projeções para inflação deste ano. A expectativa para a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) passou de 5,94% para 5,72%.
A estimativa continua acima da meta fixada pelo BC para este ano, que é de 5,1%. Mas já se encontra abaixo da previsão oficial do próprio BC, segundo quem o IPCA deve apresentar uma alta de 5,8% ao longo de 2005.
A queda na expectativa do mercado em relação à inflação tem acompanhado o comportamento das previsões para a taxa de câmbio. Há um mês, os mesmos analistas previam que o dólar encerraria o ano cotado em R$ 2,58. Agora, essa estimativa recuou para R$ 2,53. Com o real mais forte, o preço em reais de mercadorias e matérias-primas importadas fica mais baixo, o que favorece o controle da inflação.
Entre setembro do ano passado e maio deste ano, o BC promoveu nove aumentos seguidos nos juros básicos da economia, que passaram de 16% ao ano para 19,75% -nível em que a taxa se mantém até hoje. Entre as justificativas apresentadas para o aperto monetário, estava a necessidade de conter o pessimismo do mercado em relação às possibilidades de cumprimento das metas de inflação do governo.
O efeito dos juros altos foi sentido pela cotação do dólar -já que, com a alta da taxa Selic, as aplicações de renda fixa passam a ser bem mais rentáveis do que os investimentos cambiais- e também pela atividade econômica. O crescimento deste ano, segundo a previsão dos analistas, deve ficar em 3%, bem abaixo, portanto, dos 4,9% registrados em 2004.
Com os efeitos práticos da alta dos juros se tornando mais evidentes, alguns analistas, ainda que de forma tímida, já começam a considerar a hipótese de o processo de redução da taxa Selic ocorrer de forma um pouco mais acelerada do que se esperava.
Segundo o BC, a expectativa do mercado é que o BC comece a reduzir a Selic em setembro, para que, até dezembro, a taxa caia para 18% ao ano. Até a semana passada, porém, era consenso que a redução de setembro deveria ser de 0,25 ponto percentual. Agora, a pesquisa do BC já mostra que, para alguns analistas, essa redução deveria ser de 0,5 ponto.
Ainda assim, a projeção de que os juros cheguem ao final do ano em 18% foi mantida. Para 2006, as estimativas colhidas pelo BC também ficaram inalteradas: IPCA de 5% -para uma meta de inflação de 4,5%- e crescimento econômico de 3,5%.
No mercado
O mercado futuro de juros respondeu favoravelmente aos dados do Focus.
Na semana passada, os contratos futuros de prazos de resgate mais longos negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) registraram leve alta.
No pregão de ontem, as taxas recuaram. No contrato DI -Depósito Interfinanceiro, que espelha as expectativas futuras de juros- com prazo de vencimento em 6 meses a taxa caiu de 19,18% para 19,14%. No papel que vence daqui a 18 meses, a taxa recuou de 17,59% para 17,54%.
O número de contratos DI negociados ontem na BM&F registrou elevação de 44%, alcançando os 433 mil.
Mesmo assim, a expectativa dos analistas ainda é a de que os juros básicos permaneçam inalterados, ao menos neste mês. A taxa básica de juros da economia está em 19,75% anuais.
Entre os dias 19 e 20 de julho, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne para definir como fica a taxa básica Selic.