O mercado parou de olhar para a safra de cana-de-açúcar deste ano e já começa a avaliar a do próximo. “O que se discute agora são as consequências da próxima safra, o que tem deixado o mercado um pouco nervoso.”
A avaliação é de Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Segundo ele, a queda da cana a ser moída nesta safra já é consenso e o volume fica próximo de 570 milhões de toneladas na região centro-sul.
Julio Maria Borges, da JOB Economia e Planejamento Ltda., concorda com Rodrigues. O mais recente levantamento da consultoria indica 576 milhões de toneladas para a região, volume próximo do da safra anterior.
O melhor rendimento da cana compensa a redução de moagem. Os dados da JOB indicam 143 quilos de ATR (açúcares recuperáveis) por tonelada de cana no centro-sul. Em 2009/10, a taxa era de 130 quilos. Com isso, a produção de açúcar sobe para 33,5 milhões de toneladas na região centro-sul, ou seja, 17% mais do que a anterior.
Rodrigues diz que o que gera alta de preços é o cenário de que não haverá maior oferta de cana na próxima safra, mesmo considerando o volume dos novos projetos que entram em operação.
A sobra de cana, que foi de 800 mil hectares da safra 2009/10 para a de 2010/11, será muito pequena no período 2011/12. Além disso, o produtor deverá elevar a renovação dos canaviais, o que representa oferta ainda menor de matéria-prima.
Plinio Nastari, presidente da Datagro, acrescenta ainda que a oferta de cana para moagem no início da próxima safra será menor porque a brotação das soqueiras está bem menor do que seria considerado normal, devido à estiagem.