Os preços do álcool no mercado brasileiro caíram fortemente nos últimos dias e devem continuar pressionados, com o aumento de oferta gerado pelo avanço da safra de cana-de-açúcar no centro-sul, disseram corretores nesta segunda-feira.
Já os preços do açúcar seguem praticamente estáveis, devido à influência do mercado externo.
“O mercado de álcool está nervoso. Os preços estão caindo rápido demais, e devem continuar nesta tendência”, afirmou um corretor, apontando a entrada da safra como principal causa da baixa.
Já estão em operação 113 usinas das cerca de 240 existentes na região centro-sul do Brasil, sendo 61 no Estado de São Paulo. A safra começa oficialmente em 1o. de maio, mas o início da moagem foi atencipado este ano devido principalmente à escassez de álcool na entressafra.
Neste momento, as unidades estão priorizando a produção do combustível, o que explica o aumento da oferta num ritmo mais rápido que o verificado no mercado de açúcar.
“As usinas que já estão operando estão voltando sua produção de açúcar para contratos fechados anteriormente. A entrada (de açúcar) no mercado spot está lenta”, disse Heloísa Burnquist, pesquisadora de açúcar/álcool do Cepea/Esalq.
“Quase todo início de safra é assim… agora, ainda mais, com a prioridade (na produção) de álcool”, afirmou ela, ressaltando que o mercado externo também oferece sustentação às cotações internas de açúcar.
Nesta segunda-feira, o litro do álcool hidratado era negociado por 1,16-1,17 real (na usina, com impostos), contra 1,27 real há cerca de dez dias e 1,40 real no início de abril.
No caso do anidro, o litro saía por 1,16-1,19 real (na usina), segundo corretoras de São Paulo, ante cerca de 1,25 real uma semana atrás.
Há expectativa de que o consumo, que caiu em março devido aos preços altos (30 por cento ante fevereiro), volte a se recuperar com a redução das cotações, o que poderia, por sua vez, oferecer alguma sustentação aos preços. Mas isso só vai ocorrer quando a baixa for repassada ao consumidor, o que até agora não ocorreu.
“Por enquanto, são os postos que estão ganhando”, afirmou um corretor. Segundo ele, as distribuidoras atualmente compram apenas pequenos volumes pois apostam numa continuação da queda.
Já o açúcar negociado no mercado interno (cristal, cor 150) era negociado por cerca de 49 reais a saca (50 kg), praticamente estável nos últimos dez dias.
No mercado de exportação de açúcar, os prêmios/descontos permanecem com pouca alteração e com negócios apenas pontuais, disseram corretores.
Já no de álcool, há bastante interesse de consumidores estrangeiros e as ofertas subiram, mas não estão saindo muitos negócios porque os produtores preferem aguardar o progresso da safra.
“Há muitos (produtores) que já fizeram algo (na exportação) e agora vão esperar um pouco, para ver como fica o mercado interno quanto a preços e abastecimento”, disse um corretor.
Há ofertas de compra por 510-520 dólares FOB por metro cúbico (mil litros), ante cerca de 430-490 dez dias atrás.