A última semana foi marcada pela queda nos preços do açúcar, influenciada por fatores como o desempenho positivo da Tailândia, mudanças no mercado chinês e planos de autossuficiência alimentar da Indonésia.
A Tailândia iniciou sua moagem processando 2,7 milhões de toneladas de cana para produzir 193 mil toneladas de açúcar, superando a produtividade do ciclo anterior.
Questões sanitárias
Na China, o Escritório de Normas de Produtos Agrícolas suspendeu as importações de misturas de açúcar da Tailândia por questões sanitárias, deixando 1 milhão de toneladas sem destino.
Ao mesmo tempo, a produção local aumentou 53% em relação ao ano anterior, alcançando 1,37 milhão de toneladas até novembro, reduzindo a demanda por importações, que caíram de 920 mil para 540 mil toneladas em outubro.
Moagem próxima de 600 milhões de toneladas
O setor brasileiro também trouxe números relevantes.
Dados da UNICA apontam uma moagem acumulada de mais de 600 milhões de toneladas no Centro-Sul para a safra 24/25, levando analistas a revisarem estimativas para 616,5 milhões de toneladas.
Apesar disso, preocupações com a safra 25/26 persistem devido a possíveis impactos de seca e incêndios, embora boas chuvas possam elevar a moagem para 620 milhões de toneladas, reduzindo déficits esperados para o início de 2025.
Enquanto isso, a Indonésia traça metas para alcançar a autossuficiência alimentar até 2027, proibindo importações de açúcar para consumo a partir de 2025.
No entanto, o país seguirá importando cerca de 3,4 milhões de toneladas de açúcar bruto, majoritariamente do Brasil, enquanto aumenta gradativamente sua produção interna, projetada em 2,6 milhões de toneladas para 2025.
Essas movimentações destacam a volatilidade do mercado global. A combinação de restrições comerciais, alta produtividade asiática e expectativas climáticas no Brasil moldam o cenário para os próximos ciclos, exigindo atenção do setor.
“Os números recentes indicam um excesso de pessimismo no mercado, que subestima a capacidade de recuperação da produção global de açúcar, especialmente no Brasil,” analisa Lívea Coda, da Hedgepoint Global Markets.
Com isso, o mercado segue atento ao impacto das condições climáticas e às decisões políticas nos principais países produtores e consumidores, que podem redefinir a dinâmica da oferta e demanda nos próximos anos.