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Medida poderá afetar produção de petróleo

Obrigar a Petrobras a aumentar a oferta de gás para as térmicas no Nordeste não sairá barato para o país, já que a medida poderia afetar temporariamente a produção de petróleo, lubrificantes e outros derivados, impactando os resultados da maior estatal brasileira no momento em que a cotação do petróleo ultrapassa US$ 32 o barril.

Sob pressão para entregar gás sem que existam gasodutos na região, três diretorias da Petrobras – de Exploração e Produção, Abastecimento e Gás e Energia – criaram na semana passada um “comitê de crise” para analisar possibilidades de aumentar a oferta de gás no Nordeste, onde um acidente com barcos em Pescada Arabaiana (RN) levou à redução da produção em 800 mil metros cúbicos.

Entre as medidas de emergência para compensar a falta de suprimento de gás para a TermoCeará, a Petrobras aumentou o fornecimento para a TermoFortaleza de 1,080 milhão para 1,550 milhão de metros cúbicos e colocou em testes a TermoBahia, que está consumindo 900 mil metros cúbicos para aumentar a geração de energia.

A estatal também instalou um turboexpansor na Refinaria Landulpho Alves (Rlan), que permitiu liberar mais 23 MW médios para o sistema elétrico. Além disso, ela está fornecendo, mesmo sem contrato, 550 mil metros cúbicos de gás para a térmica Camaçari, da Chesf e óleo para a usina da Braskem, no pólo petroquímico de Camaçari. Como parte do esforço para resolver o gargalo no Ceará, a Petrobras também está propondo à MPX e MDU a conversão da TermoCeará em uma planta bicombustível. A obra, orçada em US$ 2 milhões, deve demorar dois meses.

Se for necessário cumprir exigências da Aneel, ela pode desligar a Lubnor, fábrica de lubrificantes em Fortaleza. Outra medida possível é a diminuição da injeção de vapor (que ajuda a extrair o petróleo) nos campos de Alto Rodrigues (RN), reduzindo a produção. Há cerca de duas semanas a companhia já deixou de reinjetar capa de gás em campos de petróleo na Bahia para aumentar a oferta, mas esse procedimento não pode ser adotado por muito tempo já que afeta a vida útil dos campos.

Para a Petrobras, a administração dessa crise é complexa e as decisões têm que ser tomadas com cuidado. Desligar totalmente as duas unidades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) – que já operam com capacidade mínima – afetaria o fornecimento de matéria-prima para a indústria farmacêutica no Nordeste, que produz insumos usados por pacientes que fazem hemodiálise.