A falta de chuva não afeta apenas os reservatórios das usinas hidrelétricas da região de Araçatuba que estão operando com volume útil bem baixo, colocando em risco o fornecimento de energia elétrica. Ela começa a trazer problemas também para a navegabilidade das embarcações que utilizam a hidrovia Tietê-Paraná.
No início da semana a reportagem do jornal O Liberal encaminhou questionamentos ao Departamento Hidroviário (DH) do Estado de São Paulo. E a resposta acendeu o sinal de alerta.
Caso não chova nos próximos dias há o risco da navegabilidade ser interrompida no Rio Tietê, entre o trecho da usina de Três Irmãos (Andradina) e Nova Avanhandava (Buritama). Conforme site do Operador Nacional do Sistema Elétrico (OSN, ontem (19), o volume útil do reservatório de Três Irmãos era de 30,04%. Na média, os reservatórios da região Sudeste e Centro-Oeste operam com 35,33% do volume útil, conforme medição feita também no dia 18 deste mês.
Marinha
Em nota encaminhada à redação do jornal, a assessoria de imprensa do DH explicou que em função da estiagem que ocorre em todo o Estado, o calado — que é a distância entre a quilha do navio e a linha de flutuação — atual da hidrovia Tietê-Paraná é de 1,95m, podendo atingir 2,2m com as ondas de vazão na usina de Nova Avanhadanva. No entanto, o calado normal da hidrovia, conforme nota do órgão estadual é de 2,70. “Esse é o calado mínimo exigido para navegação na Tietê-Paraná, que possibilita que a embarcação ultrapasse os pontos críticos”. De acordo com o órgão, o calado normal da hidrovia para navegação é de 2,70 m, atingindo 3,00m no período chuvoso.
Diante do atual quadro, o Departamento Hidroviário disse que “para manter a navegação e a segurança nas operações, a Marinha do Brasil determinou, através de aviso aos navegantes, que as empresas que utilizam a hidrovia operem dentro deste limite (2,20m)”. O ONS informou que para garantir a navegação, será redistribuído os volumes dos reservatórios da região. Em nota, a assessoria de imprensa da AES informou que as enclusas estão operando normalmente.
Transporte de cargas
Para navegar na Tietê-Paraná as embarcações estão sendo obrigadas a reduzir de 6 mil toneladas para 4 mil a capacidade de transporte dos comboios. Em 2013, a hidrovia transportou quase seis milhões de toneladas de produtos. Entre os produtos mais transportados pelas águas do rio Tietê estão soja, farelo de soja, madeira e milho.
Porém, a hidrovia também recebe barcaças carregadas com cana-de-açúcar, areia e trigo. Hoje a hidrovia pode ser considerada um dos principais modais de transporte da nossa região. A expectativa do DH é que este volume alcance 14 milhões de toneladas até 2017.
Caso a navegabilidade seja interrompida na hidrovia Tietê-Paraná, toda essa carga terá que ser transportada por caminhões pelas rodovias. Para efeito de comparação uma barca equivale a mais ou menos 100 caminhões a mais em circulação. (com informações Folhapress)
Nível dos reservatórios de Promissão e Três Irmãos cai mais um pouco
A cada dia a situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas da região fica mais preocupante. Ontem (19), conforme Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO) divulgado no site do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) o volume útil dos reservatórios de Promissão e Três Irmãos, ambos no rio Tietê, havia caído.
Os dados são referentes ao dia anterior. E, mais uma vez, a situação mas crítica foi constatada em Promissão, que operava com um volume útil de 24,22%. Em Três Irmãos a situação não é muito diferente. Segundo IPDO, o volume da usina no último dia 18 era de 30,04%. Apenas Jupiá operava acima dos 90% (90,58%). Os reservatórios das usinas trabalham com dois volumes: o útil e o morto.
O volume útil vai de 0 a 100%. Dentro dessa margem a usina ainda consegue operar e produzir energia. Porém, quando o nível chega a 0% atinge o chamado volume morto. Ou seja, não há mais produção de energia. Matéria publicada na edição do último domingo do jornal O LIBERAL revelou que o atual volume dos reservatórios da região estão bem abaixo dos números registrados em 2001, período em que houve racionamento de energia elétrica no país.