Mercado

Mãos de graxa

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No dia do fechamento desta edição, 18 de junho, o texto final da Rio+20 não havia sido ainda aprovado em razão de impasses entre delegações em temas relacionados aos oceanos e, no que mais importa ao setor sucroenergético, na questão do financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável.

Os países desenvolvidos relutavam em assinar o texto porque ao fazê-lo se comprometeriam a assumir os maiores custos destes financiamentos, uma vez que continuam a ser os maiores poluidores, para explicar de forma simplificada.

No caso do Brasil, um mau exemplo a partir de nossa gloriosa Petrobras, acabou por como que autorizar outros países e outras grandes empresas como ela a sujar ainda mais as mãos de graxa em detrimento do sustentável. Na contramão das discussões da conferência e recuando no que vinha anunciando até há pouco tempo, a Petrobras anunciou plano que aumenta seu investimento em energia suja. Em decorrência a fatia de investimentos em biocombustíveis, como etanol e biodiesel, cairá de 2% para 1,6% no período de 2012 a 2016.

Ainda que esperada, esta decisão é séria. Por mais que Dilma Roussef f tenha dito aos empresários do setor que o governo voltará a investir em energia da biomassa (veja matéria na página 10), o setor não se ilude e sabe que o foco do governo hoje é mesmo o pré-sal e seus bilhões. Por uma simples razão: os recursos advindos do investimento em etanol para o governo são ninharia diante dos bilhões gerados pelos investimentos no pré-sal.

É séria porque a Petrobras mudou seu foco. Até há pouco tempo, anunciava que previa aumentar de 5% para 12% sua participação no mercado de etanol. Ao investir em petróleo e praticamente desprezar o etanol a Petrobras mais uma vez prejudica este promissor e ambientalmente correto mercado e o próprio País. Grande como é – uma das quatro maiores empresas do mundo – e de grande poder, é corrente que um simples anúncio de investimento da Petrobras costuma mexer com todo o mercado mundial em poucos minutos. Da mesma forma, um anúncio de desinvestimento também causa desistências semelhantes. O estrago já foi feito, mas pode ser amenizado. Que o governo brasileiro e a Petrobras voltem a destinar ao setor de energia sustentável uma fatia maior da atenção e do valor a que ele faz juz.