Um dos avanços a partir de 2008 será a redução do consumo de combustível em 7,8%. Depois de lançar no Brasil o primeiro sistema bicombustível de injeção, o SFS (Software Flexfuel Sensor), no Gol Total Flex 1.6 da Volkswagen, a Magneti Marelli, empresa do grupo Fiat, avança seus estudos neste segmento de negócio e prepara a sua fábrica de Hortolândia, no interior de São Paulo, para começar a produzir no final de 2008 nova geração de bicos injetores. A principal função deste componente é melhorar o desempenho dos motores flex fuel, reduzindo em até 7,8% o consumo de combustível. Para este produto, a empresa está investindo € 8 milhões, quantia que envolve a construção de uma nova unidade junto ao complexo industrial, onde são fabricados atualmente sistemas de injeção e peças eletrônicas. Outra novidade da empresa, que chegará ao mercado em 2009, é o Ethanol Cold System, sistema que elimina o uso do reservatório de gasolina para partida a frio, nos carros com motor flex.
“A fábrica de Hortolândia foi escolhida pela matriz na Itália para produzir novos bicos injetores multicombustível por ser um centro de competência e qualidade”, disse a este jornal Silverio Bonfiglioli, presidente e CEO das operações da Magneti Marelli na América do Sul e do Norte. A produção anual do componente será de 6 milhões de unidades. Além de abastecer montadoras no Brasil, os novos bicos injetores também serão exportados para as empresas do grupo na Europa e na China.
Desenvolvido por engenheiros brasileiros e italianos em 2002, os novos bicos injetores terão alto nível tecnológico e um rigoroso controle de qualidade, que permite índice de até 1 ppm, ou seja, a cada um milhão de peças somente uma teria defeito. “A vantagem deste novo componente é que, além de melhorar a combustão do motor, ainda permitirá uma redução de até 18% na emissão de hidrocarboneto, de 0,30 gramas por quilômetro para 0,05 gramas por quilômetros, enquadrando o veículo nos limites propostos pelo Programa de Controle Veicular (Proconve), que entrará em vigor em 2009. Também reduzirá emissões óxido de nitrogênio, de 0,25 gramas/km para 0,12.
Segundo Bonfiglioli, dos 15 milhões de automóveis e comerciais leves que circulam pelo País, 2,4 milhões têm sistema flex fuel e 2,1 milhões têm motor a álcool. Em 2011, a frota chegará a 30 milhões, dos quais 50% terão a tecnologia bicombustível. Hoje neste segmento a Magneti Marelli detém em 47% de participação, a Bosch 32% e a Delphi 19,5%. “Cada carro que circula com sistema flex fuel reduz em até 12% o índice de emissões de gases CO2 na atmosfera”, diz o executivo. O CO 2, dióxido de carbono, é um dos principais causadores do efeito estufa. “Isso é uma vantagem para o Brasil, não só em relação à qualidade do meio ambiente, mas em negócios, pois com a expansão da frota de automóveis e comerciais leves flex fuel o País acumulará grande índice de redução de emissões de CO2 e poderá comercializar o seu crédito de carbono com outros países, conforme prevê o Protocolo de Kyoto. Hoje uma tonelada de CO2 equivale a € 16. Em 2003 valia € 3”, diz Bonfiglioli. Destacou ainda que de 1975 – quando foi lançado o Proálcool – até 2006 a utilização do álcool pelos veículos brasileiros evitou a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 e o Brasil economizou US$ 52 bilhões com petróleo.
Para assegurar a eficiência dos bicos injetores, além do ambiente de trabalho muito limpo, a empresa também mantém uma linha de produção bastante automatizada que facilita a montagem das pequenas peças que integram todo o sistema. “Para a matriz este é um dos investimentos estratégicos”, diz Bonfiglioli. “É que, depois da centralina (componente que faz o controle do uso do álcool e da gasolina nos motores flex), os bicos injetores são os itens de maior conteúdo tecnológico e só há quatro fabricantes deste sistema no mundo: Magneti Marelli, Bosch, Delphi e Siemens”. Ao todo, 13 fornecedores brasileiros foram selecionados para abastecer a linha de montagem de bicos da Magneti Marelli.
Considerada pela matriz como maior centro de pesquisa e desenvolvimento de sistema de injeção multicombustível fora da Europa, Hortolândia, que emprega hoje 654 funcionários – 95 engenheiros – tem capacidade para fabricar anualmente 6 milhões de injetor de combustível, 1,4 milhão de corpo de borboleta, 1,8 milhão de coletor de admissão, 1,2 milhão de regulador de pressão, 1,3 milhão de centralina e 50 mil unidades de free choice, sistema que faz o controle eletrônico do câmbio manual e que está sendo lançado este ano no mercado brasileiro. Desde que iniciou suas atividades em 1995 foram destinados US$ 35 milhões para pesquisa e desenvolvimento nesta unidade. De R$ 1,5 bilhão que a empresa faturou em 2006 no Mercosul, 7% a mais que em 2005, R$ 350 milhões foram provenientes da fábrica de Hortolândia e deste total 17% foram negócios fechados com tecnologia flex fuel. Para 2007, a previsão de Bonfiglioli é que o faturamento suba para R$ 1,6 bilhão (20% com a venda de flex fuel).
No Mercosul a Magnetti Marelli mantém 9 fábricas: Córdoba (Argentina), Betim, Contagem e Lavras (MG); Amparo, Hortolândia, Mauá, Santo André e São Bernardo do Campo (SP).
Bonfiglioli disse que, mesmo com o dólar desvalorizado, a Magneti Marelli trabalhou para aumentar o índice de nacionalização dos produtos feitos no País. “Nos últimos quatro anos fizemos grandes investimentos para ter fornecedores de qualidade mundial e oferecemos a eles a oportunidade de abastecer outras fábricas do grupo na Europa e nos EUA.